Alimentos ultraprocessados e doenças cardiovasculares

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Será que existe ligação entre alimentos ultraprocessados e doenças cardiovasculares? A própria indicação do Ministério da Saúde não recomenda o consumo desse tipo de alimento em seu Guia Alimentar; o ideal é favorecer aqueles que são in natura. Entretanto, nos Estados Unidos, os ultraprocessados representam 58% da energia total na dieta da população – e sua associação com doenças cardiovasculares (DCV) permanece pouco estudada.

Pensando nisso, os autores do estudo Framingham Offspring – “Alimentos ultraprocessados e doenças cardiovasculares incidentes na prole de Framingham” resolveram investigar as ligações entre alimentos ultraprocessados, incidência de DCV e mortalidade, que foi publicado no portal JACC Journals, da American College of Cardiology.

Estrutura NOVA para definição dos alimentos ultraprocessados

Para a pesquisa, foi coletada uma amostra que incluiu cerca de 3 mil adultos sem doenças cardiovasculares com dados dietéticos válidos no início do estudo. Por meio de um questionário de frequência alimentar, medidas antropométricas, fatores sociodemográficos e de estilo de vida, foram coletados todos os dados sobre as características desses indivíduos. A incidência e mortalidade por doenças cardiovasculares estavam disponíveis até 2014 e 2017, respectivamente.

Alimentos ultraprocessados foram definidos de acordo com a estrutura chamada NOVA:

  • Grupo 1 – Alimentos não processados ou minimamente processados;

  • Grupo 2 – Ingredientes culinários processados;

  • Grupo 3 – Alimentos processados;

  • Grupo 4 – Alimentos e bebidas ultraprocessados.

Foram usados modelos de riscos proporcionais de Cox (análise de dados de sobrevivência), para determinar a associação multivariável entre a ingestão de alimentos ultraprocessados (porções ajustadas por energia por dia) e doença cardiovascular incidente, doença coronariana incidente, doenças cardiovasculares totais e mortalidade por doenças cardiovasculares. E os autores avaliaram modelos multivariáveis para idade, sexo, escolaridade, consumo de álcool, fumo e atividade física.

Mais alimentos in natura, menos processados

O acompanhamento do estudo foi de 1991 a 2014/2017. Durante este período, os autores identificaram 251, 163 e 648 casos de doenças cardiovasculares incidentes, doença coronariana incidente e doenças cardiovasculares totais, respectivamente.

A média de consumo pelos participantes foi de 7,5 porções por dia de alimentos ultraprocessados no início do estudo. Cada porção diária adicional foi associada a um aumento de 7% no risco de doenças cardiovasculares.

Os resultados atuais apoiam que o maior consumo de alimentos ultraprocessados está, sim, associado ao aumento do risco de incidência de doenças cardiovasculares e mortalidade. Embora pesquisas adicionais em populações etnicamente diversas sejam necessárias, essas descobertas sugerem benefícios cardiovasculares na limitação de consumo dos alimentos ultraprocessados.

Vale lembrar que alimentos ultraprocessados são sinônimo de mais açúcar, sal e conservantes! É preciso tomar cuidado com embalagens que se vendem como caseiras, mas são processadas. Tente focar no que é direto da “fonte”; entre os alimentos in natura ou minimamente processados sugeridos pelo Guia Alimentar do Ministérios da Saúde, estão:

  • Frutas;

  • Verduras;

  • Legumes;

  • Ovos;

  • Leite;

  • Grão secos;

  • Carnes;

  • Raízes;

  • Tubérculos;

  • Arroz;

  • Feijão.

Cuide de você, do seu coração e da sua alimentação – mude seus hábitos!