Dormir bem pode reduzir riscos cardiovasculares (RCV) e de acidente vascular cerebral (AVC), de acordo com um artigo de dezembro de 2019, publicado pela Medscape. Segundo o texto, padrões de sono saudáveis foram associados a uma redução de um terço do risco a de doenças cardíacas e derrames, mesmo entre pessoas com alto risco genético.
Foram oito anos e meio acompanhando 7.280 casos cardíacos e de AVC documentados. Pacientes que dormiam de 7 a 8 horas por dia, e que nunca ou raramente apresentavam insônia, sem ronco e sem sonolência diurna excessiva e frequente, tiveram um risco 35% menor de doença cardiovascular incidente; 34% menor de doença cardíaca coronária; e um risco 34% menor de AVC do que os pacientes que relataram nenhum ou apenas um dos comportamentos saudáveis de sono mencionados. Para acessar o artigo completo, em inglês, clique aqui.
O intuito desse trabalho era investigar se os padrões de sono saudáveis poderiam modificar o efeito da predisposição genética à a doenças cardiovasculares. E, para tal, os pesquisadores utilizaram dados do Biobank do Reino Unido – um estudo amplo de indivíduos com idades entre 37 e 72 anos que forneceram amostras de sangue para genotipagem e relataram por meio de questionários online informações sobre sono, entre outros comportamentos relacionados à saúde.
Sabendo que fatores alimentares e atividade física poderiam modificar o risco genético, os pesquisadores assumiram que veriam algo semelhante com o comportamento do sono. Entretanto, não encontraram nenhuma interação estatística entre a pontuação do sono saudável e o risco cardiovascular genético.
Acabaram descobrindo o chamado efeito aditivo entre comportamento do sono e risco genético, ou seja, aqueles com maior risco genético e o menor número de comportamentos saudáveis do sono apresentavam o maior risco de doenças cardíacas e derrame.
Este estudo foi de natureza observacional, e a associação entre padrão de sono e eventos cardiovasculares não pode ser considerada causal. No entanto, os pesquisadores avaliaram o risco atribuível à população e sugeriram que se as associações fossem realmente causais, “mais de 10% dos eventos cardiovasculares, coronarianos e AVC não teriam ocorrido se todos os participantes estivessem no grupo de baixo risco nos cinco fatores do sono”.
Não consigo dormir!
Consegue, sim! Se você mudar hábitos do seu dia e de momentos antes do horário do sono, vai conseguir dormir. Isso é muito importante: sempre enfatizo a necessidade de um bom sono quando atendo meus pacientes, como muitos outros especialistas. Lembre-se de que hábitos saudáveis se refletem diretamente no sistema cardiovascular.
Descrevo aqui algumas dicas:
Tá na hora de dormir: procure se deitar todos os dias no mesmo horário; o corpo se acostuma ao sono;
Desligue as telas – nada de TV, tablet, celular; esse estímulo visual não ajuda em nada;
Leitura é bem-vinda, desde que seja leve e, de preferência, em veículo impresso ou em dispositivo que limita a luminosidade, imitando as páginas impressas de fato;
Faça exercícios físicos: a vida toda muda drasticamente quando você se entrega a uma atividade física – inclusive o sono;
Garanta um ambiente adequado, escuro e em silêncio;
Respeite o horário de acordar, assim, a roda vai girar de forma completa!