O efeito do avental branco demorou a ser descoberto pela comunidade científica, mas hoje sabemos que é bastante comum e pode fazer toda a diferença no caso do diagnóstico da hipertensão.
Mas afinal, do que se trata esse efeito?
Trata-se de uma curiosa condição: a pressão do paciente se eleva significativamente no consultório com a presença do médico, escondendo sua pressão real. Há uma elevação momentânea de sua pressão arterial por emoção ou ansiedade – inclusive no paciente normotenso, ou seja, que tem pressão arterial normal, dentro da média esperada.
Pode acontecer, ainda, do paciente ir além do efeito e desenvolver a hipertensão do avental branco – ou seja, sua pressão perante o médico se eleva tanto, que ele passa a ser hipertenso na presença do médico e continua normotenso fora do consultório. Possivelmente, seu lado emocional o leva à condição de hipertenso na presença do médico.
E como descobrimos que os números apresentados devem-se ao efeito do avental branco? Precisamos monitorar todas as medidas do paciente durante 24 horas, ou seja, também fora do consultório.
Efeito conhecido desde o século XIX
A primeira descrição do efeito do avental branco foi feita em 1896(!) por Scipione Riva-Rocci, médico italiano.
Na ocasião, Riva-Rocci fez a seguinte descrição: “O estado mental do paciente tem um efeito transitório mas considerável na pressão sanguínea. Falar com o paciente, convidá-lo a ler ou olhar de repente para ele, assim como um barulho repentino, fazem a pressão subir.”
E completou: “A simples colocação do aparelho pode causar um aumento temporário da pressão sanguínea. É necessário tomar não uma leitura, mas várias sucessivas. Como 3 medidas em 3 minutos, ou 5 em 5 minutos, até que, na média, a pressão obtida seja constante”.
Como evitar?
Aos colegas de profissão, geralmente, é recomendado que evitem realizar a medida da pressão arterial com pressa, nos primeiros minutos da consulta. Aos pacientes, não há muito o que recomendar, pois o efeito do avental branco é inconsciente. Muitas vezes, o paciente não sente nervosismo, nem nada do tipo, que leve à crença de que uma aferição está descompensada por isso.
Além do efeito do avental branco, nos deparamos também com o cenário oposto: a hipertensão mascarada, em que a pressão arterial do paciente mostra-se menor durante a consulta, mas ele é hipertenso fora do consultório. Também é preciso mapear e tirar uma média, principalmente em pacientes com histórico familiar de hipertensão.
Por isso é importante confiar no seu médico: resultados no consultório podem enganar! Se ele sugere um monitoramento mais expressivo, exames ou medicamentos, é preciso seguir para obter os melhores resultados. Não deixe de cumprir o que lhe é solicitado durante uma consulta – os benefícios serão sentidos pela vida!