Hipertensão arterial

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“É fundamental que você conheça os aspectos mais importantes da doença para
colaborar comigo no controle da sua Hipertensão e poder viver mais e melhor!

1. Hipertensão e Pressão alta

São nomes da mesma doença. Pressão arterial alta ou pressão alta é o nome popular da Hipertensão Arterial.

2. Pressão arterial

É a pressão que o coração faz quando se contrai para bombear sangue para todo o corpo. Para entender melhor podemos comparar o coração e os vasos que saem do coração a uma torneira ligada a um esguicho. Quando fechamos a ponta do esguicho a pressão sobe dentro do esguicho. Da mesma maneira, quando os vasos ficam mais estreitos como acontece na Hipertensão, a pressão sobe dentro dos vasos.

3. Significado dos números da Pressão arterial

A pressão arterial é medida por aparelhos que mostram a pressão numa unidade chamada milímetros de mercúrio e temos dois valores:

  1. Um valor mais alto, chamado de pressão máxima ou pressão sistólica porque o momento em que o coração bombeia o sangue é chamado de sístole; e
  2. Um valor mais baixo, chamado de pressão mínima ou pressão diastólica porque o momento em que o coração recebe o sangue é chamado de diástole

Assim, quando dizemos que a pressão é 140/90 milímetros de mercúrio (mmHg) ou como se diz popularmente, 14/9, o 14 é a pressão máxima e o 9 é a pressão mínima.

4. Definição de hipertensão arterial

É uma doença que é diagnosticada quando a pressão no consultório está igual ou acima de 140/90 ou, como vimos, 14/9. Abaixo destes valores a pressão arterial é classificada em ótima, normal e pré-hipertensão como está na tabela.

Classificação da pressão arterial de acordo com a medida no consultório a partir de 18 anos de idade *
Classificação Pressão Máxima ou Sistólica (mmHg)   Pressão Mínima ou Diastólica (mmHg)
Pressão Arterial ótima < 120 e < 80
Pressão Arterial normal 120-129 e/ou 80-84
Pré-hipertensão 130-139 e/ou 85-89
Hipertensão Arterial Estágio 1 140-159 e/ou 90-99
Hipertensão Arterial Estágio 2 160-179 e/ou 100-109
Hipertensão Arterial Estágio 3 ≥ 180 e/ou ≥ 110
*A classificação é definida de acordo com a pressão arterial no consultório e pelo nível mais elevado de pressão arterial, sistólica ou diastólica. **A Hipertensão Arterial sistólica isolada, caracterizada pela pressão sistólica ≥ 140 mmHg e PAD < 90 mmHg, é classificada em 1, 2 ou 3, de acordo com os valores da pressão sistólica nos intervalos indicados. ***A Hipertensão Arterial diastólica isolada, caracterizada pela pressão sistólica < 140 mmHg e pressão diastólica ≥ 90 mmHg, é classificada em 1, 2 ou 3, de acordo com os valores da pressão diastólica nos intervalos indicados.

5. A pressão arterial é uma doença democrática

A pressão alta é muito democrática! Ela pode acontecer em jovens e idosos, brancos, pretos ou amarelos, homens ou mulheres.

No entanto, ela é mais comum em homens até a quinta década de vida e depois passa a ser mais comum em mulheres. É mais comum em idosos e em pretos.

No Brasil, estima-se que cerca de 30% da população adulta apresente Hipertensão Arterial o que torna a Hipertensão um problema de saúde pública.

Dr. Decio discursando no Dia Nacional de Combate a  Hipertensão Arterial, em frente ao Teatro Municipal em São Paulo.

6. Diagnóstico de Hipertensão Arterial

O diagnóstico de Hipertensão Arterial é feito pela medida da pressão arterial. Existem dois tipos de aparelhos para medir a pressão no consultório:

  1. Aparelhos aneróides – são os aparelhos que tem o “reloginho”. Descalibram com facilidade e necessitam recalibração frequente, ao menos a cada 12 meses. Para medir a pressão com estes aparelhos utiliza-se a técnica auscultória realizada com braçadeira com manômetro “reloginho” e estetoscópio.
  2. Aparelhos automáticos – apresentam vantagens em relação aos aneróides porque evitam erros que o observador pode cometer. Para medir a pressão é utilizada a técnica oscilométrica.
Dr Decio Mion

O médico mede a pressão no consultório com o paciente sentado, recostado confortavelmente na cadeira, com pés descruzados, em repouso por 5 minutos, em ambiente calmo, agradável, sem estar com a bexiga cheia, sem ter fumado, ingerido bebidas alcoólicas ou café 30 minutos antes ou ter praticado exercícios nos últimos 90 minutos. O braço deve estar na altura do coração e o paciente não deve falar ou se mover durante a medida.

Na primeira consulta, o médico deve medir a pressão arterial nos dois braços e usar a leitura do braço que forneceu o valor mais elevado de pressão para as medidas subsequentes.

O médico deve realizar três medidas, com intervalo de 1 minuto, e usar a média das duas últimas medidas, como a pressão daquele paciente. Se houver diferença > 10 mmHg entre as duas últimas medidas, o paciente ainda não está em repouso e devem ser realizadas medidas adicionais até que a diferença seja < 10 mmHg, situação em que o paciente atingiu o repouso necessário para a medida da pressão arterial.

Atualmente, o diagnóstico da doença é realizado não somente com a medida da pressão arterial no consultório porque a presença do médico exerce uma influência muito grande sobre a pressão arterial.

O médico pode ocasionar elevação da pressão arterial quando o paciente fica ansioso na presença do médico ou diminuição da pressão arterial quando o paciente se sente reconfortado na presença do médico. Por isto recomenda-se que a medida de pressão de consultório seja complementada pela medida fora do consultório para se identificar como é a pressão sem a presença do médico.

7. Métodos de medida da pressão arterial fora do consultório

Existem dois exames para medir a pressão arterial fora do consultório:

  1. Monitorização ambulatorial da pressão arterial de 24h (MAPA) quando o paciente coloca um aparelho que mede a pressão durante 24h enquanto o ele realiza suas atividades habituais na a vigília e durante o sono; o aparelho consiste numa braçadeira liga por um tubinho a um monitor que insufla a braçadeira e registra as pressões. Quando o paciente devolve o aparelho é calculada a média de pressão das 24h. Quando esta média é igual ou acima de 130/80 mmHg conclui-se que a pressão está anormal na MAPA; ou
  2. Monitorização residencial da pressão arterial (MRPA) quando o paciente ou um familiar treinado mede a pressão pela manhã e à noite durante uma semana com aparelho automático. Ao final do período é calculada a média de todas as pressões. Quando esta média é igual ou acima de 130/80 mmHg conclui-se que a pressão está anormal na MRPA;

8. Os quatro possíveis diagnósticos de hipertensão arterial

Considerando as medidas de consultório e fora do consultório, temos 4 diagnósticos possíveis para hipertensão arterial:

  1. Quando a pressão é normal no consultório e fora dele o paciente não tem Hipertensão Arterial, sendo chamado de normotenso;
  2. Quando a pressão é anormal no consultório e fora dele o paciente tem Hipertensão Arterial, sendo chamado de hipertenso;
  3. Quando a pressão é anormal na presença do médico e normal fora do consultório, o paciente tem Hipertensão do Avental Branco, denominação que lembra que a presença do médico pode ocasionar ansiedade e elevar a pressão na sua presença mas são normotensos fora do consultório e não devem ser tratamento com remédios, somente medidas não medicamentosas; e
  4. Quando a pressão é normal na presença do médico e anormal fora do consultório, o paciente tem Hipertensão Mascarada, denominação que sugere que os pacientes se mascaram de normotensos na presença do médico, mas são hipertensos fora do consultório e devem ser tratados
Definição de hipertensão arterial de acordo com a pressão arterial de consultório, monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e monitorização residencial da pressão arterial (MRPA)
  Pressão Máxima ou Sistólica (mmHg)   Pressão Mínima ou Diastólica (mmHg)
Pressão Arterial no consultório ≥ 140 e/ou ≥ 90
Média de Pressão Arterial na MAPA de 24 horas ≥ 130 e/ou ≥ 80
Média de Pressão Arterial na MAPA durante a Vigília ≥ 135 e/ou ≥ 85
Média de Pressão Arterial na MAPA durante o Sono ≥ 120 e/ou ≥ 70
MRPA ≥ 130 e/ou ≥ 80

9. Causas da hipertensão arterial

Na maioria dos pacientes a Hipertensão Arterial é herdada do pai, da mãe ou dos dois. Assim, a causa mais comum, que corresponde a cerca de 95% dos casos é de origem genética. Ainda não se sabe quais são os genes que causam a doença. Esta hipertensão é chamada de primária.

Quando a Hipertensão Arterial tem uma causa específica, é chamada de Hipertensão Secundária. Entram nesta classificação doenças que, teoricamente, se curadas, deixariam o paciente normotenso. As causas potencialmente curáveis são o estreitamento da artéria renal (estenose de artéria renal), e outras doenças mais raras como Hiperaldosteronismo Primário e Feocromocitoma. No entanto, A causa mais comum de hipertensão secundária é a doença renal (insuficiência renal ou paralisação dos rins) que não é curável.

10. Sintomas da Hipertensão Arterial

A Hipertensão Arterial não apresenta sintomas, exceto quando já existe comprometimento de órgãos como coração e rins. Nesta situação pode ocorrer falta de ar e inchaço nas pernas.

O fato de a hipertensão ser uma doença assintomática, é uma barreira para o seu tratamento. É difícil convencer as pessoas a tomarem remédios para uma doença que não causa nenhum sintoma e os benefícios acontecem a longo prazo.

Estudos atuais mostram que até a cefaléia, que sempre foi vista como uma consequência da pressão alta, passou a ser causa da elevação da pressão. Hoje sabemos que qualquer dor, inclusive a cefaléia, pode elevar a pressão.

Em situações extremamente raras como a Hipertensão Maligna ou Acelerada onde a pressão apresenta níveis extremamente elevados pode ocorrer dor de cabeça.

11. Consequências da Hipertensão Arterial não tratada

A pressão alta lesa a camada interna dos vasos ocasionando o seu endurecimento. Como temos vasos em todos os órgãos, todos são acometidos pela pressão alta. As grandes consequências deste endurecimento são o infarto no coração e a paralisação dos rins.

No cérebro a pressão alta causa dilatações chamadas aneurismas que podem romper e ocasionar o acidente vascular cerebral.

12. A cura da Hipertensão arterial 

A Hipertensão Arterial herdada dos pais, chamada primária, responsável por 95% dos casos, não tem cura, mas tem tratamento extremamente eficaz em evitar as complicações da doença como infarto, acidente vascular cerebral e paralisação dos rins.

A cura pode ocorrer nos casos de Hipertensão Secundária, 5% dos casos, quando existe uma doença que pode ser tratada e curar a Hipertensão Arterial.

13. Tratamento da Hipertensão Arterial

O tratamento da Hipertensão Arterial pode ser com medicamentos e sem medicamentos, mas geralmente, os dois são associados.

O tratamento sem medicamentos ou não medicamentoso envolve mudanças de hábitos de vida.

15. Tratamento não medicamentoso

O tratamento sem medicamentos envolve mudanças de hábitos de vida. Estas medidas são importantes tanto na prevenção da doença como no seu tratamento. Muitas vezes, consigo controlar a pressão de pacientes com pequena elevação da pressão arterial, sem medicamentos, somente com as mudanças para hábitos de vida saudáveis

Ilustração de Mário Cafiero para o livro Abaixo a Pressão do Dr. Decio Mion.

1 – Redução do consumo de sal – os estudos recomendam que a ingestão de sal seja de 5g/dia, mas os brasileiros ingerem cerca de 10g/dia. A ingestão de sal eleva a pressão arterial e a diminuição de sal na dieta abaixa a pressão. Mesmo que não se atinja a meta de 5g/dia, qualquer redução na ingestão tem efeitos benéficos na redução da pressão arterial. Os alimentos ricos em sal são: carnes processadas (presunto, mortadela, salsicha, linguiça, salame), bacon, carne-seca, nuggets; enlatados (extrato de tomate, conserva de milho, de ervilhas), queijos (amarelos: parmesão, provolone, prato), temperos prontos, molho de soja [shoyu], molho inglês, ketchup, mostarda, maionese, extrato concentrado, temperos prontos, amaciantes de carne e sopas desidratadas) e lanches industrializados (chips, batata frita e salgadinhos). O sal rosa do Himalaia e sal marinho, entre outros, apresentam o mesmo conteúdo de cloreto de sódio que o sal de cozinha ou o sal grosso.

2 – Aumento do consumo de frutas e verduras e redução de ingesta de gorduras saturadas e colesterol – As dietas saudáveis podem contribuir para a redução da pressão arterial. A mais estudada é a Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) rica em frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura, cereais integrais, consumo moderado de oleaginosas e redução no consumo de gorduras, doces e bebidas com açúcar e carnes vermelhas. Esta dieta reduz a pressão arterial. A dieta do Mediterrâneo é rica em frutas, hortaliças e cerais integrais, inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de vinho tinto. No entanto, apesar de ser pobre em carnes vermelhas, apresenta teor elevado de gorduras, devido ao consumo de azeite de oliva. Essa dieta reduz o risco de problemas cardiovasculares, mas tem pequeno efeito na pressão arterial.

Ilustração de Mário Cafiero para o livro Abaixo a Pressão do Dr. Decio Mion.

3 – Evitar sobrepeso e obesidade – A obesidade, principalmente visceral, é um fator de risco importante para a elevação da pressão arterial, que pode ser responsável por 65 a 75% dos casos de Hipertensão Arterial. Existe uma relação entre peso e pressão arterial, de modo que quando o paciente ganha peso a pressão arterial aumenta e quando perde peso a pressão arterial diminui. Reduções de peso, mesmo sem atingir o peso ideal, auxiliam na redução da pressão arterial. O ideal é manter o peso corporal saudável, com índice de massa corpórea (IMC; peso/altura2; kg/m2) abaixo de 25 e circunferência da cintura abaixo de 90 cm em homens e abaixo de 80 cm em mulheres. Manter o peso dentro do peso ideal é bom não somente para pressão arterial, mas também para reduzir o risco de morte. Sabe-se que para cada cinco unidades acima de um IMC acima de 25, o risco de morte prematura aumenta cerca de 31%, e a mortalidade cardiovascular em 49%.

Ilustração de Mário Cafiero para o livro Abaixo a Pressão do Dr. Decio Mion.

4 -praticar exercícios físicos regularmente. A prática regular de atividade física evita o aparecimento de Hipertensão Arterial e reduz o risco de mortalidade em 27 a 50%. O treinamento aeróbico diminui a pressão arterial do consultório e fora dele, ao passo que o treinamento resistido diminui a pressão arterial do consultório, mas não fora dele. Ainda não sabemos a razão desta diferença de resposta à pressão arterial do exercício resistido.

A tabela mostra as recomendações de treinamento físico aeróbico complementado pelo resistido. A sessão de treinamento não deve ser realizada se a pressão arterial estiver acima de 160/105 mmHg. Além disso, recomenda-se medir a pressão arterial durante o exercício aeróbico em hipertensos e diminuir a intensidade se a pressão arterial estiver acima de 180/105 mmHg.

Prescrição do treinamento anaeróbico – complementar

Modalidades diversas: andar, correr, dançar e nadar, entre outras.
Frequência: 3 a 5 vezes por semana (mais vezes – melhor)
Duração: 30 a 60 minutos por sessão (mais tempo – melhor)
Intensidade moderada definida por:
1) Maior intensidade conseguindo conversar (sem ficar ofegante)
2) Sentir-se entre “ligeiramente cansado” e “cansado”
3) Manter a frequência cardíaca (FC) de treino na faixa calculada por: FCtreino = (FCmáxima – FCrepouso) x % + FCrepouso Em que:-FC máxima: deve ser obtida em um teste ergométrico máximo, feito em uso dos medicamentos regulares, ou pelo cálculo da FC máxima prevista pela idade (220 – idade). Essa fórmula não pode ser usada em indivíduos hipertensos com cardiopatias, em uso de betabloqueadores ou inibidores de canais de cálcio não di-hidropiridínicos.-FC repouso: deve ser medida após 5 min de repouso deitado.-%: utilizar 40% como limite inferior e 60% como superior.

Prescrição do treinamento aeróbico – complementar

Prescrição do treinamento aeróbico – complementar
2 a 3 vezes/semana
8 a 10 exercícios para os principais grupos musculares, dando prioridade para execução unilateral, quando possível
1 a 3 séries
10 a 15 repetições até a fadiga moderada (repetição na qual há redução da velocidade de movimento)
Pausas longas passivas – 90 a 120 segundos

Ilustração de Mário Cafiero para o livro Abaixo a Pressão do Dr. Decio Mion

5 – Evitar a ingestão exagerada de álcool – A ingestão de bebidas alcoólicas ocasiona elevação da pressão arterial. O consumo exagerado pode ser causa de Hipertensão Arterial. Estudos evidenciam que para quem bebe até dois drinques por dia, a redução no consumo de bebidas alcoólicas não levou a redução da pressão arterial, mas nos que bebem mais do que dois drinques por dia, a redução no consumo de bebidas alcoólicas ocasionou redução da pressão arterial.

Os homens que costumam ingerir bebidas alcoólicas, não devem ingerir mais do 30 g de álcool/dia, ou seja, uma garrafa de cerveja (5% de álcool, 600 ml), ou duas taças de vinho (12% de álcool, 250 ml) ou uma dose (42% de álcool, 60 ml) de destilados (uísque, vodca, aguardente). Para mulheres a quantidade é metade da dos homens.

Não se deve induzir as pessoas a ingerirem bebidas alcoólicas com o intuito de proteção cardíaca.

Cada uma dessas medidas traz uma redução modesta da PA, mas o somatório desses efeitos pode resultar em uma redução de até 20 mmHg na pressão arterial sistólica.

Recomendações de mudanças de hábitos de vida

Os hipertensos devem ser avaliados quanto ao hábito de fumar, e deve ser recomendada a cessação do tabagismo, se necessário com o uso de medicamentos, pelo aumento do risco cardiovascular.
Deve ser prescrita dieta tipo DASH e semelhantes – aumento no consumo de frutas, hortaliças, laticínios com baixo teor de gordura e cereais integrais, além de consumo moderado de oleaginosas e redução no consumo de gorduras, doces e bebidas com açúcar e carnes vermelhas.
O consumo de sódio deve ser restrito a 2 g/dia, com substituição de cloreto de sódio por cloreto de potássio, se não existirem restrições.
O peso corporal deve ser controlado para a manutenção de IMC < 25 kg/m2.
Realizar, pelo menos, 150 minutos por semana de atividade física moderada. Deve ser estimulada ainda a redução do comportamento sedentário, levantando-se por 5 minutos a cada 30 minutos sentado.

16. Tratamento medicamentoso

Ilustração de Mário Cafiero para o livro Abaixo a Pressão do Dr. Decio Mion

O tratamento medicamentoso é realizado com os anti-hipertensivos. São remédios que agem de diferentes maneiras levando a redução da pressão arterial. A estratégia que eu uso para controlar a pressão arterial quando há necessidade de remédios é utilizar vários medicamentos com mecanismo de ação diferentes em doses baixas. Assim, teremos medicamentos que vão inibir os mecanismos que estão elevando a sua pressão e com doses baixas, evito os efeitos colaterais. Os comentários sobre os medicamentos anti-hipertensivos serão motivo de texto separado.

17. Controlar a pressão alta não é tarefa fácil

A grande ironia que existia, e ainda existe, em torno da hipertensão arterial é o fato que sabemos como diagnosticar e tratar a doença, mas os hipertensos não se beneficiam destes conhecimentos porque não tomam os remédios e ficam sem controle da pressão arterial.

Os estudos mostram que para hipertensão vale a regra dos 50%. Assim, 50% das pessoas não sabem que tem a doença. Dos que receberam o diagnóstico, 50% tomam remédio e destes, 50% têm a pressão controlada, ou seja, 12,5% dos hipertensos têm a pressão controlada e estão se beneficiando dos conhecimentos que existem atualmente.

Uma outra situação que complica bastante a aceitação do tratamento da hipertensão é a variação que a pressão arterial apresenta com as emoções e atividade física. Quaisquer estímulos como falar ao telefone ou participar de uma reunião, fazem a pressão arterial subir. O sono e o repouso são as poucas situações em que a pressão abaixa, apesar de muitas pessoas terem pressão alta durante o sono o que é um grande fator de risco cardiovascular. Estas variações da pressão arterial dificultam muito a compreensão pelos pacientes de quais são os valores de pressão que eles têm. Num momento a pressão está normal e em outro está elevada. A pergunta frequente é: como sei qual é o valor da minha pressão? Eu posso esclarecer este aspecto com o resultado de uma monitorização da pressão arterial.

18. Adesão ao tratamento em Hipertensão Arterial

Estudei muito como convencer os pacientes hipertensos a seguirem as orientações médicas, mas não é uma tarefa fácil porque, de modo geral, o tratamento envolve mudanças de hábitos e ninguém no mundo sabe como fazer com que as pessoas mudem hábitos.

Sempre digo que a façanha de convencer as pessoas a seguirem o tratamento é uma arte. Esta é uma das grandes motivações para atender os pacientes hipertensos e ajudá-los a mudarem hábitos e seguirem o tratamento prescrito. Cabe a mim, descobrir quais as motivações que as pessoas têm para viver e controlar a pressão para viver mais e melhor. Hoje sabemos que quem não controla a pressão alta tem a sobrevida reduzida devido às complicações da doença. A hipertensão afeta todos os vasos do corpo, mas as maiores consequências da doença não tratada são: no coração o infarto do miocárdio; no cérebro o acidente vascular cerebral; e, nos rins, a paralisação de seu funcionamento.

Atualmente, o grande temor dos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados para o tratamento da hipertensão não se justifica porque temos remédios eficazes para baixar a pressão com excelente tolerabilidade. Mas não é simples porque não é só comprar os remédios, há necessidade de tomar diariamente e para isto, em primeiro lugar, a pessoa precisa aceitar que tem a doença para depois tomar os remédios e aproveitar os benefícios do tratamento, mantendo a sobrevida e evitando as complicações da doença.

Fonte:

https://www.sbh.org.br/sobre-a-hipertensao/
https://abeso.org.br/baixe-o-nosso-e-book-sobre-nutricao/
https://www.heart.org/en/health-topics/consumer-healthcare/patient-education-resources-for-healthcare-providers