Devo medir a pressão arterial em casa? Sem dúvida! Atualmente, estima-se que 35% da população brasileira tenha pressão alta – é muita gente! Ela é o principal fator de risco para doenças como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC) – é importantíssimo, portanto, controlar sua pressão. Os aparelhos de uso doméstico podem ser úteis não apenas para quem está fora dos padrões de pressão normal, mas também para aqueles que estão sob tratamento, para que possam acompanhar o controle da pressão.
Porém, é preciso ter alguns cuidados para que a medição seja feita de forma correta e traga resultados confiáveis.
Quem deve medir?
Tendo o aparelho em casa, pode-se medir a pressão de toda a família, claro. Porém, ressalto aqui quem deve ter mais atenção com esse acompanhamento:
A pressão ideal é abaixo de 12 por 8. Estando nessa média, sugiro que a pessoa meça sua própria pressão uma vez por ano;
Pressão entre 12 por 8 e 14 por 9 significa uma situação limite – recomendo que a medição seja feita a cada seis meses;
Pressão igual ou acima de 14 por 9 – é a pressão alta. O indivíduo precisa medir diariamente no início do tratamento, antes do desjejum e do jantar. É preciso manter a medição até a pressão se estabilizar – o que ocorre quando a última difere menos de 5 pontos da anterior.
Há dois anos, tive o prazer de ter essa discussão com o Dr. Roberto Kalil no Programa Bem Estar da Rede Globo – confira mais dicas no vídeo:
Como medir a pressão arterial em casa?
Ao medir a pressão arterial em casa, é essencial se sentar e estar tranquilo, em estado de repouso. Fazer a medição em uma situação tensa, de correria ou ansiedade não vai traduzir a verdadeira pressão arterial da pessoa.
Por isso, não recomendo confiar naquela checagem que, por vezes, nos oferecem nas ruas, pois, além da pessoa não estar sentada e em condições de repouso, esse nem é o local para isso. Aqueles equipamentos automáticos de farmácia também não são ideais – a pessoa coloca o antebraço na máquina, o que já está errado, e se mantém em pé. A chance de obter um resultado errado e levar um susto é grande…
Com aparelho digital automático, que é o que mais recomendo, coloque a braçadeira 2 a 3 cm acima da dobra do braço, e aperte-a, mas não excessivamente – pode passar um dedo entre a braçadeira e o braço. Apoie o cotovelo em uma mesa e vire a mão para cima.
Há aparelhos digitais com bomba, mas não são ideais para a automedição, porque o próprio paciente terá que fazer esforço para pressionar a bomba. Existem, também, os que medem pelo pulso, mas não acho muito confiáveis… Se for usar, o aparelho no pulso esquerdo com o monitor virado para dentro, também com o cotovelo apoiado na mesa e a palma da mão para cima É essencial que o punho esteja na altura do coração para um resultado mais seguro.
Atenção: seu aparelho deve estar calibrado!
Os aparelhos para a medição devem ser calibrados uma vez por ano, e há lojas especializadas que fazem esse serviço, além de alguns hospitais e até mesmo o Inmetro.
Calibrar não significa fazer um conserto ou ajuste, mas comparar os valores de um instrumento com uma referência padrão. Ao calibrar, você garante a qualidade e precisão dos resultados – aparelhos há muito tempo sem calibração podem dar resultados errados.
Com tudo em mãos, faça as medições necessárias, mas não se esqueça: apenas o acompanhamento médico profissional pode garantir o tratamento correto e a manutenção da qualidade de vida e da saúde. Não confie que apenas o seu controle em casa possa garantir que tudo esteja certo. Mesmo quem parece ser saudável e não sente sintomas deve fazer um check up anual.