Há algum tempo temos ouvido que “está na moda” seguir a dieta do jejum intermitente. Entretanto, o tema não é novidade e há artigos e estudos científicos que buscam entender cada vez melhor o impacto que ele tem em nosso corpo. Aqui, vou me basear em um artigo de 2019, escrito por Rafael de Cabo e Mark P. Mattson e publicado no The New England Journal of Medicine.
Nele, os autores falam que os resultados mostraram que muitos dos benefícios do jejum intermitente à saúde não são devidos apenas a produção reduzida de radicais livres e a perda de peso. Ele provoca respostas adaptativas celulares, colaborando para melhor regulação da glicemia, aumenta a resistência ao estresse e suprime inflamações. Ou seja, suas consequências podem ser melhores do que uma mera dieta para perder peso.
O jejum intermitente melhora vários indicadores da saúde cardiovascular em animais e humanos, incluindo pressão sanguínea; frequência cardíaca em repouso; níveis de lipoproteína de alta e baixa densidade (HDL e LDL) colesterol, triglicerídeos, glicose, e insulina; e resistência à insulina. Além disso, o jejum intermitente reduz marcadores de inflamação sistêmica e estresse oxidativo associados à aterosclerose.
Entendendo o que é jejum intermitente
Em suma, o jejum intermitente é nada mais, nada menos do que deixar de comer, ou reduzir drasticamente a alimentação durante um certo período de tempo. Esse período pode ser de 6 horas, 8 horas, 12 horas, podendo chegar a 18 horas diárias. Esse tipo de dieta, de acordo com o Conselho Internacional para Informação sobre Alimentos (IFIC – sigla em inglês), foi mais popular em 2018.
Como exemplo, pode-se escolher um regime alimentar diário de jejum de 6h podendo progredir para 8, 12 ou 18 horas e um período de alimentação correspondente de 18h, podendo progredir para 16, 12 ou 6 horas ou o regime de jejum intermitente de 5:2, lê-se 5 por 2, ou seja jejum (ingestão de 500 calorias) 2 dias por semana, com um período de transição de quatro meses para atingir a meta.
O efeito disso no corpo é o seguinte: a glicose e os ácidos graxos são as principais fontes de energia para as células e, após as refeições, a glicose é responsável por dar energia e a gordura é armazenada no tecido adiposo na forma de triglicerídeos. Nos períodos de jejum, os triglicerídeos são quebrados em ácidos graxos e glicerol, usados para energia. O fígado converte esses ácidos graxos em corpo cetônicos, que se tornam os principais fornecedores de energia para muitos tecidos, principalmente para o cérebro.
Diferente de como vivemos hoje, nossos ancestrais não faziam três refeições diárias, intercalando as refeições principais com lanches e petiscos. Por isso, nosso corpo ainda aceita bem e responde quando fazemos o jejum intermitente.
Entretanto, é preciso estar atento, pois os resultados podem ser diferentes de acordo com o sexo, dieta, idade e fatores genéticos de cada um.
Apesar de ainda não entendermos completamente mecanismos específicos do jejum intermitente, sabe-se que os efeitos benéficos envolvendo mudança metabólica e resistência ao estresse celular existem. Não é à toa que a prática tem crescido e conquistado tantos adeptos ao redor do mundo.
Na dúvida, não inicie nada sozinho: converse com seu médico, até para ajustar um cardápio ideal para você. Hipertensos devem ter ainda mais cuidado, pois não podem errar quando chega a hora de comer. Vamos emagrecer, mas com consciência e sempre com saúde!