Nos dias de hoje a obesidade é considerada uma doença. Uma doença que aumenta em grande escala o risco de aparecimento, desenvolvimento e agravamento de outras doenças. Por essa razão a Organização Mundial de Saúde (OMS) encarou a obesidade como “uma doença epidémica global do século XXI!” Os dados do International Obesity Task Force (2000) mostraram que, nos últimos anos, a prevalência de obesidade tem aumentado significativamente em várias regiões do mundo, sendo responsável, em grande parte, pelo aumento da mortalidade e morbilidade com implicações significativas no indivíduo, na família e na comunidade Em Portugal, a obesidade está a aumentar rapidamente. Os resultados do último Inquérito Nacional de Saúde (2005-2006) mostram que a percentagem de obesos cresceu em todas as faixas etárias, relativamente ao inquérito realizado em 1998-1999. Por exemplo, entre os 18 e os 24 anos a percentagem de obesos aumentou 33,9% entre os indivíduos do sexo masculino e 25% nos indivíduos do sexo feminino. Já entre os 55 e os 64 anos a percentagem de obesos cresceu 30,7% nos homens e 16,3% nas mulheres.
Estes dados provam que a epidemia da obesidade está a desenvolver-se em Portugal e é de especial importância reagir a este problema de saúde pública. Citando a OMS, a obesidade, é uma patologia que se caracteriza pelo excesso de gordura corporal, que quando acumulada, pode afectar, de diversas maneiras a saúde de um indivíduo.
A obesidade é avaliada pelo Índice de Massa Corporal (IMC). O IMC é um método barato, não invasivo, de simples utilização e constitui uma boa medida para avaliar o excesso de peso e a obesidade.
IMC = Peso (Kg) / Altura2 (m)
A OMS considera que existe excesso de peso quando o IMC é igual ou superior a 25 e que há obesidade quando o IMC é igual ou superior a 30. IMC > 18 < 25 = Normal; IMC > 25 < 30 = Excesso de Peso; IMC > 30 < 35 = Obesidade moderada (grau I); IMC > 35 < 40 = Obesidade grave (grau II); IMC > 40 = Obesidade mórbida (grau III) Outro método para avaliar a obesidade é a circunferência abdominal, que faz referência à gordura intra-abdómen. É calculada através da razão cintura/anca e tem importância relevante na avaliação um tipo de obesidade, como seja a obesidade andróide e consequentes consequências (OMS, 2004).
Os valores de referência do perímetro da cintura, comummente utilizados para a avaliação do risco de doenças são os seguintes: Sexo masculino – Risco elevado: 94-102 cm; Alto risco: >102 cm; Sexo feminino – Risco elevado: 80-88 cm; Alto risco: >88 cm.
É uma doença crónica, com grande prevalência em países desenvolvidos, atinge ambos os sexos de todas as etnias e de todas as idades, diminui a qualidade de vida e tem taxas de morbilidade e mortalidade elevadas. Existem, então, dois tipos de obesidade: a obesidade andróide e a ginóide.
A obesidade andróide ou abdominal/visceral acontece quando a gordura se acumula na metade superior do corpo, mais especificamente no abdómen. É característica do homem obeso. Este tipo de obesidade está ligado a complicações metabólicas como a diabetes tipo 2 e a dislipidémia assim como a doenças cardiovasculares (hipertensão arterial, doença coronária, doença vascular cerebral) e ainda à disfunção endotelial, que é a deterioração do revestimento interior dos vasos sanguíneos. A associação da obesidade a estas doenças está dependente da gordura intra-abdominal e não da gordura total do corpo. A obesidade ginóide acontece quando a gordura se distribui, especialmente, ma metade inferior do corpo. Acumula-se, principalmente, na região dos glúteos e coxas. É característica da mulher obesa.
O excesso de gordura é o resultado de vários balanços energéticos positivos, ou seja, o total de energia ingerida é superior ao total de energia dispendida. Os factores coadjuvantes deste desequilíbrio são vários e complexos, podendo ter origem metabólica, genética, ambiental, familiar, social, comportamental, entre outros. São factores de risco a vida sedentária (falta de exercício físico, muitas horas sentado), falta de informação das pessoas, factores genéticos, gravidez, menopausa e regime alimentar incorrecto.
Como já foi referido anteriormente a obesidade pode ter consequências nefastas para a saúde, e afecta todos os órgãos do nosso corpo. Seguidamente descrevem-se algumas dessas consequências: hipertensão arterial, arteriosclerose, insuficiência cardíaca congestiva, angina de peito, alteração da tolerância à glicose, diabetes, gota, dificuldade respiratória, cansaço fácil, apneia de sono (ressonar), embolia pulmonar, cálculos na vesícula, cancro do intestino, infertilidade, amenorreia na mulher (ausência anormal de menstruação), incontinência urinária de esforço, cancro do endométrio, da mama, da próstata, artroses, propensão a quedas e até dependência total de terceiros para realização de actividades de vida diária (em casos extremos).
Para além disso, a obesidade, ainda pode levar a alterações psicossociais e sócio-económicas como sejam a discriminação, o isolamento, a depressão e a baixa de auto-estima. Por tudo isto é de vital importância um regime alimentar cuidado e equilibrado, a prática de exercício físico regular e ter um estilo de vida saudável.
Obesidade infantil
A obesidade infantil é um dos problemas mais evidentes nas crianças dos dias de hoje e cujo tratamento é muito complicado devido à interferência que pode ter com o crescimento. Tem efeitos a longo prazo bastante severos, quer no estado de saúde psicológico, quer no estado de saúde físico. O número de crianças com excesso de peso tem vindo a aumentar, talvez devido a uma maior disponibilidade de comida pré-confeccionada, nomeadamente o fast-food.