Um novo estudo na minha área médica foi publicado no início deste mês de julho especificamente sobre o Brasil, e eu gostaria muito de compartilhar com vocês as conclusões que ele traz. Isso porque ele está completamente relacionado à quantidade de vezes que você pega o saleiro para dar aquela ‘enfeitada’ na sua refeição… Sim, lá vamos nós falar novamente do sódio, ou do sal – novamente porque eu já falei aqui sobre o uso exagerado que o brasileiro faz do condimento.
Para fazer o estudo – confira o texto original em inglês -, os autores do Brasil, Costa Rica e Canadá levaram em consideração dois fatores:
As doenças cardiovasculares representam a principal causa de morte entre as doenças não transmissíveis no Brasil e têm alto impacto econômico nos sistemas de saúde;
A maioria das populações do mundo, incluindo os brasileiros, consome sódio em excesso, o que aumenta a pressão arterial e o risco de desenvolver essas doenças.
Isso tudo já sabemos – é uma triste realidade, considerando-se que poderíamos evitá-la, desenvolvendo bons hábitos, por exemplo.
Assim, os autores resolveram mostrar como ocorrem mortes e os custos estimados associados às doenças cardiovasculares, devido ao aumento da pressão arterial por causa especificamente do consumo excessivo de sódio em adultos – isso tudo levando em conta a perspectiva do sistema público de saúde brasileiro em 2017.
Em um ano, 46 mil mortes poderiam ser evitadas no Brasil
Para desenvolver o trabalho, eles estimaram a mortalidade e os custos de doença relacionados à ingestão excessiva de sódio e mediados pela hipertensão para adultos com mais de 30 anos em 2017. Os dados dos custos de saúde (internação, ambulatório e medicamentos) foram extraídos das informações do Ministério da Saúde.
Assim, identificaram que, naquele ano, 46.651 mortes por esse tipo de doença poderiam ter sido evitadas se o consumo médio de sódio tivesse sido reduzido para 2 g/dia (5g de sal) no Brasil.
Também, que essas mortes prematuras causaram mais de 575 mil anos de vida perdidos e um custo de 752 milhões de dólares em perdas de produtividade para a economia. No mesmo ano, os custos de hospitalizações, atendimento ambulatorial e medicamentos para hipertensão atribuídos pelo Sistema Nacional de Saúde totalizaram 192 milhões de dólares. As principais causas de morte e custos associados às doenças cardiovasculares foram doença cardíaca coronária e acidente vascular cerebral, seguidos por doença hipertensiva, insuficiência cardíaca e aneurisma da aorta.
Dessa forma, os autores conseguiram chegar a um índice assustador: o uso excessivo de sódio representa, possivelmente, 15% das mortes por doenças cardiovasculares e 14% dos custos de internação e ambulatório associados a essas doenças. Também possui altos custos sociais em termos de mortes prematuras.
Então, agora, eu pergunto a você: tem certeza de que vai pegar aquele saleiro novamente?