Depois de tantas décadas de atuação na Medicina e, especificamente, na área de Nefrologia, decidi iniciar este blog semanal em meu site para me aproximar dos pacientes e leitores e trocar mais ideias e informações sobre questões ligados aos fatores de risco cardiovascular – tais como sal, álcool, colesterol, obesidade, sedentarismo e especialmente, a hipertensão, tema a que tenho me dedicado por todos estes anos na minha clínica e também nas áreas de pesquisa e ensino.
E a primeira e mais importante mensagem que devo deixar ao iniciar este blog é a da importância da manutenção do tratamento. Como eu gostaria que todos os meus pacientes, e também os que não o são, mas sofrem de hipertensão, entendessem isso e levassem essa regra para a vida!
A hipertensão, ou pressão alta, como preferir, não tem cura. Me formei em Medicina em 1976 e nada mudou nesse aspecto. Mas o que mudou, e muito, foram as condições e facilidades de diagnóstico e tratamento.
Consideramos alta a pressão que chega aos 14 por 9. A maioria dos hipertensos não sente nada, porque a pressão alta não tem sintomas. Os sintomas só aparecem quando a pressão já tornou os vasos endurecidos; o coração, cérebro e rins começam a sofrer e a pessoa pode ter alguns sintomas que mostram o comprometimento destes órgãos, como falta de ar, inchaço nas pernas e dor no peito. Por isso, o diagnóstico precoce é fundamental para evitar as complicações da doença, como derrame (AVC), infarto e paralisação dos rins. Para quem tem o diagnóstico de hipertensão, o acompanhamento médico é essencial porque você não terá como saber se sua pressão anda subindo constantemente se não há sintomas.
Cada paciente é único
E deu-se o diagnóstico. Pois bem, o seu médico certamente vai indicar um medicamento para manter sua pressão em dia.
Não há uma regra: o tipo de tratamento e a medicação variam de acordo com a pessoa, dependendo da existência ou não de complicações causadas pelo avanço da doença.
E é isso: remédio todo dia, para o resto da vida? Sim! Só com a manutenção do tratamento sua pressão vai se comportar e evitar, inclusive, que você tenha outros desdobramentos complicados na Saúde.
E se eu for beber álcool? Não tem problema – tome o seu remédio da mesma forma. Posso ficar sexualmente impotente? Não, isso é coisa do passado. Com os remédios atuais, impotência não tem nada a ver com o tratamento para pressão alta. Sentirei efeitos colaterais? Não obrigatoriamente; muitos pacientes não sentem nada, mas outros, sim – daí a importância de não fazer comparações entre você e outros hipertensos. Mas lembre-se que o seu médico é capaz de, por tentativa e erro (porque o tratamento da pressão alta é empírico), descobrir qual o melhor medicamento para você. E descobrir também qual a dose de que você precisa. Às vezes, com doses muito pequenas, você pode ter a pressão controlada sem o risco dela cair muito. Aí, sim, você vai ter sintomas. Diferentemente da pressão alta, a baixa deixa você com tontura, mal-estar, sem vontade de fazer qualquer coisa.
E, finalmente, os medicamentos para hipertensão não viciam, não causam nenhuma dependência física ou psicológica, isso não existe. Caso deixem de fazer o efeito esperado, podem ser trocados, o que será feito pelo seu médico.
Não há, portanto, desculpa para não engolir seu comprimido diário e garantir, assim, mais saúde e qualidade de vida. Nada vai fazer sua pressão alta deixar de existir – mesmo que ela siga, por semanas, sob uma medição que parece regular. Não se deixe enganar: hipertensão é para a vida toda! Adote a mudança de tomar o remédio e siga sua vida mais tranquilamente! Na realidade, tratar a pressão alta é uma alegria porque, deste modo, você evita as complicações da doença e não tem sua vida encurtada. Portanto, curta a alegria de tratar a pressão e levar uma vida normal!