Perguntas Frequentes:

Doenças Renais

Os rins são dois órgãos em forma de feijão, localizados na parte posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral. Sua principal função é filtrar o sangue, removendo toxinas, produtos de excreção e excesso de líquido, formando a urina. Além disso, os rins regulam a pressão arterial, equilibram os eletrólitos (como sódio, potássio e cálcio), produzem hormônios que estimulam a formação de glóbulos vermelhos e participam do metabolismo ósseo.

A Doença Renal Crônica (DRC) é a perda gradual e irreversível da função dos rins ao longo de meses ou anos. Quando os rins deixam de funcionar corretamente, ocorre acúmulo de toxinas, alterações no balanço de eletrólitos e retenção de líquidos, o que pode levar a complicações graves como hipertensão arterial, anemia, doença óssea e doenças cardiovasculares.

Sim, crianças podem desenvolver tanto Insuficiência Renal Aguda quanto Doença Renal Crônica. As causas em crianças podem ser diferentes das dos adultos, incluindo malformações congênitas do trato urinário (problemas desde o nascimento), doenças hereditárias, infecções e síndromes nefróticas ou nefríticas (doenças dos filtros renais). O diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento da criança.

A principal diferença é o tempo. A DRC é uma perda gradual e geralmente irreversível da função renal. Já a IRA é uma perda súbita e rápida da função renal, que pode ocorrer em horas ou dias, muitas vezes causada por desidratação grave, infecções graves ou uso de certos medicamentos. A IRA, em muitos casos, pode ser reversível se tratada a tempo.

As duas causas mais comuns são o Diabetes (tipo 1 e 2) e a Hipertensão Arterial (pressão alta). Outras causas incluem doenças glomerulares (inflamações nos filtros dos rins), doenças hereditárias (como a doença renal policística), infecções urinárias de repetição, obstruções urinárias (como pedras nos rins ou aumento da próstata) e uso prolongado de certos medicamentos.

Sim, com certeza. O excesso de açúcar no sangue (diabetes) pode danificar os pequenos vasos sanguíneos dos rins, prejudicando sua capacidade de filtração. A pressão alta também força os vasos sanguíneos dos rins, podendo causar lesões ao longo do tempo. Controlar bem o diabetes e a pressão arterial é fundamental para proteger os rins.

Pessoas com diabetes, hipertensão arterial, histórico familiar de doença renal, doenças cardíacas, obesidade, tabagismo, idade acima de 60 anos e pessoas de certas etnias (como afrodescendentes, hispânicos, asiáticos e indígenas) têm um risco aumentado.

Sim, alguns medicamentos podem ser nefrotóxicos (tóxicos para os rins), especialmente se usados em excesso, por tempo prolongado ou por pessoas que já têm algum grau de doença renal. Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) – como ibuprofeno, diclofenaco, nimesulida, cetoprofeno – são os mais conhecidos. Alguns antibióticos, contrastes usados em exames de imagem e outras substâncias também podem afetar os rins. Sempre informe seu médico sobre todos os medicamentos que você usa e evite a automedicação.

Sim, o ácido úrico elevado pode causar formação de cálculos renais e, em situações graves, levar à lesão renal (nefropatia por ácido úrico).

Não são a mesma coisa, mas podem estar relacionados. Pedras nos rins são formações sólidas (cristais) que se desenvolvem dentro dos rins. Podem causar dor intensa (cólica renal) e, se obstruírem o fluxo de urina ou causarem infecções repetidas, podem levar a danos renais e contribuir para a DRC a longo prazo. Ter pedras não significa automaticamente ter DRC, mas é um fator de risco que precisa ser acompanhado e tratado.

Uma infecção urinária baixa (na bexiga, chamada cistite) geralmente não causa danos renais permanentes se tratada adequadamente. No entanto, se a infecção subir para os rins (pielonefrite) ou se ocorrerem infecções urinárias de repetição, especialmente em crianças ou pessoas com outras anomalias urinárias, isso pode sim causar cicatrizes e danos aos rins, contribuindo para a Doença Renal Crônica.

Sim, é verdade. A maioria das doenças renais, especialmente a Doença Renal Crônica, evolui de forma silenciosa, sem causar dor nos estágios iniciais. Isso ocorre porque os rins têm uma grande capacidade de adaptação e podem continuar funcionando mesmo após perda significativa de sua função, sem gerar sintomas perceptíveis. A dor lombar, muitas vezes atribuída aos rins, geralmente está relacionada a outras condições, como problemas musculares ou da coluna. Quando a dor realmente se origina dos rins, ela costuma ser causada por infecções urinárias ascendentes (pielonefrite), presença de cálculos (pedras) obstruindo o fluxo da urina ou, mais raramente, por tumores. Por isso, confiar apenas na ausência de dor para avaliar a saúde dos rins pode ser perigoso. A melhor maneira de detectar problemas renais precocemente é por meio de exames laboratoriais de sangue e urina de rotina, mesmo na ausência de sintomas.

É uma doença genética (hereditária) em que múltiplos cistos (bolsas cheias de líquido) se desenvolvem nos rins, fazendo com que aumentem muito de tamanho e percam sua função ao longo do tempo. É uma das causas hereditárias mais comuns de falência renal em adultos. Se um dos pais tem a forma dominante da doença, cada filho tem 50% de chance de herdar a condição. Embora não haja cura para a Doença Renal Policística, há tratamentos para retardar sua progressão e tratar complicações. Medicamentos como o tolvaptano podem retardar o crescimento dos cistos em casos selecionados.

Infelizmente, a doença renal crônica costuma ser silenciosa nas fases iniciais. Sintomas como inchaço (principalmente nas pernas e rosto), cansaço inexplicável, perda de apetite, náuseas, vômitos, alteração na frequência ou aparência da urina (espumosa, com sangue), cãibras e coceira na pele geralmente aparecem apenas quando a doença já está mais avançada.

Sim, na maioria dos casos, especialmente a Doença Renal Crônica. Nossos rins têm uma grande capacidade de reserva, o que significa que podem continuar funcionando razoavelmente bem mesmo quando já perderam uma parte significativa de sua função. Por isso, os sintomas demoram a aparecer, tornando os exames essenciais.

O diagnóstico é feito principalmente através de dois exames simples:

  • Exame de sangue: Para medir a creatinina e a ureia. Níveis elevados indicam que os rins não estão filtrando bem o sangue. A partir da creatinina, calculamos a Taxa de Filtração Glomerular (TFG) ou Ritmo de Filtração Glomerular (RFG), que estima o percentual de função renal. Em inglês é chamado Glomerular Filtration Rate (GFR).
  • Exame de urina: Para detectar a presença de proteína (proteinúria/albuminúria) ou sangue (hematúria), que são sinais precoces de lesão renal.

Creatinina e ureia são substâncias que resultam do metabolismo normal do corpo e devem ser eliminadas pelos rins. Quando os rins não funcionam bem, essas substâncias se acumulam no sangue. Níveis elevados de creatinina e ureia são, portanto, indicadores importantes de que a função renal está diminuída.

Os filtros saudáveis dos rins normalmente impedem que proteínas grandes (como a albumina) e glóbulos vermelhos (sangue) passem para a urina. A presença de proteína (proteinúria ou albuminúria) ou sangue (hematúria) na urina indica que os filtros renais podem estar danificados ou inflamados. É um sinal precoce e importante de doença renal.

Sim, a DRC é classificada em 5 estágios, com base na Taxa de Filtração Glomerular (TFG), que mede o quão bem os rins estão filtrando o sangue:

  • Estágio 1: Dano renal com TFG normal ou alta (≥ 90 ml/min).
  • Estágio 2: Dano renal com leve diminuição da TFG (60-89 ml/min).
  • Estágio 3: Diminuição moderada da TFG (dividido em 3a: 45-59 ml/min e 3b: 30-44 ml/min).
  • Estágio 4: Diminuição grave da TFG (15-29 ml/min).
  • Estágio 5: Falência renal (TFG < 15 ml/min ou necessidade de diálise/transplante).

A dieta é crucial no manejo da doença renal. Ela ajuda a reduzir a carga de trabalho dos rins, controlar a pressão arterial, evitar o acúmulo de toxinas e minerais (como potássio e fósforo) no sangue e retardar a progressão da doença. A dieta deve ser individualizada e orientada por um médico ou nutricionista especializado.

Geralmente, sim. A restrição de sal (sódio) ajuda a controlar a pressão arterial e o inchaço. A restrição de proteína pode ser necessária em estágios mais avançados para diminuir a produção de ureia e a sobrecarga renal. No entanto, a quantidade exata de restrição varia muito e deve ser definida pelo seu médico ou nutricionista, pois uma restrição excessiva também pode ser prejudicial.

Manter-se hidratado é importante para a saúde geral e pode ajudar a prevenir pedras nos rins e infecções urinárias. No entanto, beber muita água (litros e litros em excesso) não previne a maioria das causas de Doença Renal Crônica (como diabetes e hipertensão) e não trata a doença já instalada. Pelo contrário, em fases avançadas da DRC, pode ser necessário restringir a ingestão de líquidos para evitar inchaço e sobrecarga do coração. Siga sempre a orientação do seu médico sobre a quantidade ideal de líquidos para você.

Apesar de muitas propagandas e crenças populares, não existem evidências científicas de que chás ou ervas possam “limpar” os rins de toxinas ou melhorar sua função de maneira significativa. Na verdade, alguns chás, especialmente os diuréticos naturais ou aqueles feitos com plantas não regulamentadas, podem conter substâncias tóxicas ou prejudiciais aos rins, agravando uma doença renal existente ou até mesmo provocando lesões.
O funcionamento dos rins é naturalmente eficiente na filtração e eliminação de resíduos. A melhor forma de cuidar dos rins é manter uma boa hidratação (sob orientação médica, especialmente em quem já tem doença renal), adotar uma dieta equilibrada, controlar a pressão arterial e o diabetes, e evitar o uso indiscriminado de medicamentos e suplementos. Caso esteja interessado em usar algum chá ou planta medicinal, é fundamental consultar seu médico antes.

Na maioria dos casos, a Doença Renal Crônica não tem cura no sentido de reverter completamente o dano já estabelecido. No entanto, o tratamento adequado pode retardar ou parar a progressão da doença, controlar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. Em casos de falência renal (estágio 5), a diálise ou o transplante renal são necessários.

Sim, é possível! As medidas mais importantes incluem: controlar rigorosamente a pressão arterial e o diabetes, seguir uma dieta adequada (com orientação médica ou nutricional), evitar medicamentos que podem prejudicar os rins (como anti-inflamatórios não esteroides), não fumar, manter um peso saudável e fazer acompanhamento regular com um nefrologista.

O tratamento depende do estágio da doença e da causa. Inclui:

  • Controle da causa base: Tratar diabetes, hipertensão, infecções, etc.
  • Medicamentos: Para controlar a pressão, reduzir a perda de proteína na urina, tratar anemia, controlar fósforo e potássio, etc.
  • Dieta: Ajustes na ingestão de sal, proteína, potássio e fósforo.
  • Mudanças no estilo de vida: Parar de fumar, exercícios, controle de peso.

Terapias de Substituição Renal (Estágio 5): Diálise (hemodiálise ou peritoneal) ou transplante renal.

A DRC não tratada ou mal controlada pode levar a diversas complicações sérias, como:

  • Hipertensão arterial de difícil controle.
  • Anemia (baixa de glóbulos vermelhos).
  • Doença óssea (ossos fracos e dor).
  • Doenças cardiovasculares (infarto, AVC, insuficiência cardíaca).
  • Acúmulo de líquidos (inchaço, falta de ar).
  • Desnutrição.
  • Alterações neurológicas.
  • Progressão para falência renal (necessidade de diálise ou transplante).

Os rins saudáveis produzem um hormônio chamado eritropoetina (EPO), que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos. Quando os rins estão doentes, eles produzem menos EPO, resultando em menor produção de glóbulos vermelhos e, consequentemente, anemia. A anemia causa cansaço, fraqueza e palidez.

Sim. Os rins doentes têm dificuldade em: 1) ativar a vitamina D (essencial para absorver cálcio), 2) eliminar o excesso de fósforo do sangue e 3) podem causar alterações nos níveis do hormônio da paratireoide (PTH). Esse desequilíbrio (cálcio baixo, fósforo alto, PTH alto) leva à retirada de cálcio dos ossos, tornando-os fracos, quebradiços e doloridos, uma condição chamada Doença Mineral e Óssea da DRC (DMO-DRC).

Diálise é um tratamento que substitui artificialmente a função dos rins quando eles falham (geralmente no estágio 5 da DRC). Ela filtra o sangue para remover toxinas, excesso de sal e água do corpo. Não cura a doença renal, mas permite que a pessoa viva apesar da falência renal.

Existem dois tipos principais:

  • Hemodiálise: O sangue é retirado do corpo, filtrado por uma máquina (rim artificial) e depois devolvido ao corpo. Geralmente é feita 3 vezes por semana em uma clínica, durando algumas horas por sessão.
  • Diálise Peritoneal: Utiliza o revestimento interno do próprio abdômen (peritônio) como filtro. Um líquido especial (dialisato) é colocado na cavidade abdominal através de um cateter permanente, absorve as toxinas e o excesso de líquido, e depois é drenado. Pode ser feita em casa, diariamente.

Não. Nem toda pessoa com Doença Renal Crônica (DRC) vai precisar de diálise. A DRC possui diferentes estágios de gravidade, e muitos pacientes conseguem manter uma função renal estável durante anos apenas com tratamento clínico, que inclui controle rigoroso da pressão arterial, diabetes e outros fatores de risco, além de dieta adequada e uso de medicamentos que protegem os rins.
A necessidade de diálise ocorre, em geral, apenas quando a função renal atinge níveis críticos (estágio 5 da DRC), com taxa de filtração glomerular (TFG) abaixo de 15 ml/min, e o paciente apresenta sintomas relacionados ao acúmulo de toxinas, excesso de líquidos ou distúrbios metabólicos graves. Mesmo assim, a decisão de iniciar a diálise é baseada não apenas nos números dos exames, mas também na presença de sintomas como falta de ar, edema importante, hipertensão descontrolada, náuseas persistentes ou sinais de desnutrição. Com diagnóstico precoce, tratamento correto e acompanhamento especializado, muitos pacientes conseguem postergar, ou até evitar, a necessidade de diálise por muitos anos.

O transplante renal é um procedimento cirúrgico em que um rim saudável de um doador (vivo ou falecido) é implantado no corpo de uma pessoa que sofre de falência renal. O novo rim é conectado aos vasos sanguíneos e ao trato urinário do receptor, assumindo imediatamente a função de filtrar o sangue e produzir urina, substituindo a função dos rins originais comprometidos.


O transplante renal é considerado o tratamento de escolha para a maioria dos pacientes com doença renal terminal, pois proporciona melhor qualidade de vida, maior sobrevida, liberdade das sessões de diálise e melhor preservação da função cardíaca e óssea. Entretanto, o sucesso do transplante depende de vários fatores, incluindo a compatibilidade imunológica entre doador e receptor, a técnica cirúrgica e o rigoroso uso de medicamentos imunossupressores para evitar a rejeição do novo órgão. Esses medicamentos precisam ser tomados diariamente e para toda a vida. Além disso, o paciente transplantado deve fazer acompanhamento médico regular para monitorar a função do rim transplantado e ajustar o tratamento conforme necessário.A necessidade de diálise ocorre, em geral, apenas quando a função renal atinge níveis críticos (estágio 5 da DRC), com taxa de filtração glomerular (TFG) abaixo de 15 ml/min, e o paciente apresenta sintomas relacionados ao acúmulo de toxinas, excesso de líquidos ou distúrbios metabólicos graves. Mesmo assim, a decisão de iniciar a diálise é baseada não apenas nos números dos exames, mas também na presença de sintomas como falta de ar, edema importante, hipertensão descontrolada, náuseas persistentes ou sinais de desnutrição. Com diagnóstico precoce, tratamento correto e acompanhamento especializado, muitos pacientes conseguem postergar, ou até evitar, a necessidade de diálise por muitos anos.

A doação de rim pode ser feita tanto por doadores vivos quanto por doadores falecidos. No caso de doadores vivos, é fundamental que a pessoa seja saudável, sem doenças crônicas como diabetes, hipertensão arterial não controlada, doenças infecciosas ativas ou histórico de câncer recente. Antes da doação, o candidato passa por uma avaliação rigorosa que inclui exames de sangue, urina, imagem dos rins e avaliação psicológica, garantindo que a doação não trará prejuízos à sua própria saúde. Já no caso de doadores falecidos, a doação é realizada quando há morte encefálica confirmada e consentimento da família ou autorização prévia do doador. A compatibilidade imunológica entre doador e receptor é cuidadosamente analisada para reduzir o risco de rejeição do órgão. A doação de rim é um gesto de solidariedade que pode salvar vidas, e o doador vivo geralmente consegue levar uma vida normal com um único rim, desde que mantenha hábitos saudáveis e faça acompanhamento médico regular.

A seleção de um doador de rim, especialmente um doador vivo, é um processo rigoroso que visa garantir a segurança do doador e aumentar as chances de sucesso do transplante. Primeiramente, o candidato a doador passa por uma avaliação clínica detalhada, que inclui:

  • Histórico médico completo e exame físico: Para identificar doenças crônicas (como hipertensão, diabetes ou doenças infecciosas) que possam contraindicar a doação.
  • Exames de sangue e urina: Para avaliar a função renal, verificar a presença de infecções, analisar compatibilidade sanguínea (tipagem ABO) e função de outros órgãos.
  • Testes de compatibilidade imunológica: Incluem o teste de histocompatibilidade (HLA – antígenos leucocitários humanos) e o teste cruzado (“crossmatch”) para detectar a presença de anticorpos que possam causar rejeição do órgão.
  • Avaliações de imagem: Ultrassonografia dos rins, tomografia computadorizada ou ressonância magnética são realizadas para analisar a anatomia renal e vascular, e garantir que o doador tenha rins estruturalmente normais.
  • Avaliação cardiológica e pulmonar: Inclui exames como eletrocardiograma e ecocardiograma para assegurar que o doador tem condições clínicas para suportar a cirurgia.
  • Avaliação psicológica: Fundamental para certificar que a decisão de doar é voluntária e consciente, além de avaliar o suporte emocional do doador.

Outras avaliações específicas: Exames para detectar infecções virais (como HIV, hepatite B e C, citomegalovírus) e doenças transmissíveis.

Critérios principais de escolha do doador incluem:

  • Ter função renal normal e rins estruturalmente adequados.
  • Ausência de doenças crônicas importantes (hipertensão arterial mal controlada, diabetes, doenças autoimunes, doenças infecciosas graves).
  • Boa condição de saúde geral e suporte psicológico adequado.
  • Compatibilidade sanguínea (tipagem ABO) e imunológica satisfatórias.
  • Decisão voluntária, sem pressão externa e após entendimento completo dos riscos.

O objetivo de toda essa avaliação é proteger a saúde do doador, garantir que ele possa viver bem com apenas um rim, e aumentar a chance de sucesso e longa sobrevida do transplante no receptor.

A prevenção envolve controlar os fatores de risco:

  • Mantenha a pressão arterial e o diabetes sob controle.
  • Tenha uma alimentação saudável, com pouco sal e gordura.
  • Mantenha um peso saudável.
  • Pratique atividade física regularmente.
  • Beba água adequadamente (a quantidade varia, converse com seu médico).
  • Não fume.
  • Evite o uso excessivo e sem orientação médica de anti-inflamatórios (como ibuprofeno, diclofenaco).
  • Faça exames de rotina (sangue e urina), especialmente se tiver fatores de risco.

Você deve procurar um nefrologista (médico especialista em rins) se:

  • Seus exames de sangue (creatinina, ureia) ou urina (proteína, sangue) vierem alterados.
  • Você tem diabetes ou hipertensão (mesmo que controlados, para acompanhamento preventivo).
  • Você tem histórico familiar de doença renal.
  • Você tem inchaço persistente, anemia sem causa aparente, ou outros sintomas sugestivos de problema renal.
  • Você tem pedras nos rins de repetição ou infecções urinárias frequentes.
  • Seu médico clínico geral ou outro especialista recomendar uma avaliação nefrológica.

Infecções Urinárias e Pedras nos Rins

Uma ITU é uma infecção causada geralmente por bactérias em qualquer parte do sistema urinário (rins, ureteres, bexiga ou uretra). Os tipos mais comuns são:

    • Cistite: É a infecção da bexiga. É a forma mais frequente e geralmente menos grave.

Pielonefrite: É a infecção dos rins. É mais grave que a cistite, pois pode causar danos renais se não for tratada rapidamente e adequadamente. A infecção geralmente “sobe” da bexiga para os rins.

Os sintomas mais comuns da cistite incluem:

    • Dor ou ardência ao urinar.
    • Necessidade frequente e urgente de urinar, mesmo que saia pouca urina.
    • Dor na parte inferior da barriga (região da bexiga).
    • Urina turva, com cheiro forte ou com sangue.
    • Sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga.
    • Febre baixa pode ocorrer, mas febre alta é menos comum na cistite isolada.

A pielonefrite geralmente causa os sintomas da cistite mais:

    • Febre alta (acima de 38°C) e calafrios.
    • Dor na lombar (nas costas, na altura dos rins), geralmente de um lado.
    • Náuseas e vômitos.
    • Mal-estar geral intenso.
    • É mais preocupante porque a infecção está nos rins, órgãos vitais. Sem tratamento rápido, pode levar a complicações como abscesso renal (acúmulo de pus), infecção generalizada (sepse) e, em casos repetidos ou graves, a danos permanentes nos rins (cicatrizes, Doença Renal Crônica).

O diagnóstico geralmente começa com a avaliação dos seus sintomas pelo médico. A confirmação é feita principalmente por:

    • Exame de urina simples (Tipo I ou EAS): Detecta sinais de infecção, como presença de bactérias, leucócitos (células de defesa) e, às vezes, sangue.

Urocultura com Antibiograma: Identifica a bactéria específica causadora da infecção e testa quais antibióticos são eficazes contra ela. É especialmente importante em casos de pielonefrite, infecções de repetição ou em gestantes.

Sim, o tratamento padrão para infecções urinárias bacterianas é com antibióticos. O tipo de antibiótico e a duração do tratamento dependem se é cistite ou pielonefrite, da gravidade e dos resultados da urocultura. É fundamental tomar o antibiótico exatamente como prescrito pelo médico e completar todo o ciclo, mesmo que os sintomas melhorem antes, para garantir a eliminação completa da bactéria e evitar recidivas ou resistência bacteriana. Beber bastante líquido também ajuda. Pielonefrites mais graves podem exigir internação hospitalar para antibióticos na veia.

Consideramos infecção urinária de repetição quando uma pessoa tem duas ou mais infecções em seis meses, ou três ou mais infecções em um ano. As causas podem ser variadas e incluem fatores comportamentais (como segurar a urina por muito tempo, baixa ingestão de líquidos), menopausa (nas mulheres, pela alteração hormonal), atividade sexual, anormalidades no trato urinário (como pedras, refluxo de urina, problemas na próstata nos homens) ou até mesmo bactérias mais resistentes. Nesses casos, é importante uma investigação mais aprofundada com o médico (urologista ou nefrologista) para identificar e tratar a causa base, se possível.

Pedras nos rins, ou cálculos renais, são massas sólidas formadas pela cristalização de sais minerais presentes na urina. Imagine que a urina tem muitos minerais dissolvidos; quando há excesso desses minerais ou pouca água para dissolvê-los, eles podem se agrupar e formar pedras. O tipo mais comum é o de oxalato de cálcio, mas existem também pedras de ácido úrico, estruvita (associada a infecções) e cistina (mais rara, genética).

O sintoma mais característico é a cólica renal: uma dor muito intensa, geralmente de início súbito, localizada na região lombar (costas) que pode irradiar para a lateral do abdômen e região genital. A dor vem em ondas e costuma ser tão forte que a pessoa não encontra posição de alívio. Pode vir acompanhada de náuseas, vômitos, sangue na urina e aumento da frequência urinária. No entanto, nem toda pedra causa dor. Pedras pequenas podem ser eliminadas sem sintomas, e pedras que estão paradas dentro do rim, sem obstruir a passagem de urina, podem não doer.

Além da avaliação dos sintomas, o diagnóstico geralmente requer exames de imagem:

    • Ultrassonografia (Ecografia) de rins e vias urinárias: É um bom exame inicial, não usa radiação e pode detectar muitas pedras e sinais de obstrução (dilatação do rim).
    • Tomografia Computadorizada de Abdômen (sem contraste): É considerado o exame mais preciso para detectar pedras de quase todos os tipos e tamanhos, mostrando sua localização exata e se há complicações.
    • Raio-X simples de abdômen: Pode detectar algumas pedras (as que contêm cálcio), mas muitas não são visíveis.
    • Exames de urina e sangue também ajudam a avaliar a situação.

O tratamento depende do tamanho e localização da pedra, da intensidade dos sintomas e se há sinais de complicação (infecção, obstrução grave). As opções incluem:

    • Tratamento Conservador: Para pedras pequenas que provavelmente serão eliminadas espontaneamente. Inclui aumento da ingestão de líquidos, analgésicos para a dor e, às vezes, medicamentos que ajudam a relaxar o ureter (canal que liga o rim à bexiga) para facilitar a passagem da pedra.
    • Litotripsia Extracorpórea por Ondas de Choque (LECO): Ondas de choque externas são direcionadas para fragmentar a pedra em pedaços menores, que podem ser eliminados na urina.
    • Procedimentos Endoscópicos (Ureteroscopia): Um aparelho muito fino com uma câmera é inserido pela uretra até o ureter ou rim. A pedra pode ser retirada inteira com uma pinça ou fragmentada com laser.
    • Cirurgia Percutânea (Nefrolitotripsia): Para pedras maiores ou mais complexas. É feita uma pequena incisão nas costas para criar um acesso direto ao rim e remover ou fragmentar a pedra.
    • Cirurgia Aberta ou Laparoscópica: Raramente necessárias hoje em dia, reservadas para casos muito específicos.

Não, nem sempre precisa de cirurgia. Muitas pedras são eliminadas sozinhas com tratamento clínico. A decisão sobre o melhor tratamento é individualizada.

Glomerulonefrites

Glomerulonefrite (ou “GN”) significa inflamação dos glomérulos, que são as minúsculas unidades de filtração dentro dos seus rins. Pense neles como pequenos novelos de vasos sanguíneos que limpam o sangue. Quando estão inflamados, não conseguem filtrar corretamente, permitindo que proteínas e sangue escapem para a urina e dificultando a eliminação de toxinas.

As causas são variadas. Algumas GN ocorrem após infecções, como uma infecção de garganta por estreptococos (GN pós-estreptocócica) ou hepatites virais. Outras são autoimunes, ou seja, o próprio sistema de defesa do corpo ataca os glomérulos por engano (como no Lúpus ou na Nefropatia por IgA). Existem também formas idiopáticas (sem causa conhecida) e, mais raramente, hereditárias.

Sim, esses são sinais clássicos! Sintomas comuns incluem:

    • Urina escura (cor de “Coca-Cola” ou chá mate):Indica presença de sangue (hematúria).
    • Urina espumosa: Indica perda de proteína (proteinúria).
    • Inchaço (edema): Principalmente no rosto (ao redor dos olhos pela manhã), mãos, pernas e pés.
    • Pressão alta: Que pode surgir ou piorar rapidamente.
    • Menor volume de urina.
    • Cansaço e mal-estar.
    • Nem sempre todos os sintomas estão presentes.

Não, são coisas diferentes. A Glomerulonefrite é uma inflamação dos filtros do rim (glomérulos), muitas vezes causada por problemas imunológicos ou outras doenças sistêmicas. A Pielonefrite é uma infecção bacteriana do tecido renal e da pelve renal (a parte que coleta a urina), geralmente subindo a partir da bexiga. Os sintomas e tratamentos são distintos.

Os exames de sangue (creatinina, ureia, colesterol, albumina, exames imunológicos) e urina (proteinúria, hematúria, análise de células) são fundamentais e podem levantar a suspeita. Eles mostram se há perda de função renal, inflamação e que tipo de substâncias estão escapando na urina. No entanto, para confirmar o diagnóstico e, principalmente, identificar o tipo específico de glomerulonefrite, muitas vezes é necessária uma biópsia renal.

A biópsia renal envolve a retirada de um pequeno fragmento do rim com uma agulha especial para análise em microscópio. Ela é crucial porque existem muitos tipos diferentes de glomerulonefrites, e cada uma pode ter uma causa, um tratamento e um prognóstico (evolução) diferente. A biópsia permite “ver” diretamente o que está acontecendo nos glomérulos, identificar o padrão da inflamação e guiar o tratamento mais adequado e eficaz.

Sim, existem muitos tipos (Nefropatia por IgA, Glomeruloesclerose Segmentar e Focal – GESF, Nefropatia Membranosa, Glomerulonefrite Pós-Infecciosa, Nefrite Lúpica, Vasculites, etc.). O tratamento varia enormemente dependendo do tipo específico identificado na biópsia, da gravidade da inflamação e da perda de função renal.

O tratamento visa controlar a inflamação, reduzir a perda de proteína e sangue na urina, controlar a pressão arterial e preservar a função renal. Dependendo do tipo e gravidade, pode incluir:

    • Medicamentos para pressão: Essenciais para proteger os rins.
    • Diuréticos: Para reduzir o inchaço.
    • Corticoides (como prednisona): Medicamentos anti-inflamatórios potentes.
    • Imunossupressores (como ciclofosfamida, micofenolato, rituximabe, etc.): Medicamentos que “acalmam” o sistema imunológico para que ele pare de atacar os rins. O uso desses medicamentos mais fortes depende do tipo de GN e é avaliado caso a caso pelo nefrologista.

Dieta: Com restrição de sal e, às vezes, de proteína ou líquidos.

O prognóstico varia muito. Algumas GN, como a pós-infecciosa em crianças, costumam ter cura completa. Outras podem ser controladas com tratamento, entrando em remissão (a doença fica “adormecida”), mas podem retornar. Infelizmente, algumas formas são progressivas e, mesmo com tratamento, podem evoluir para Doença Renal Crônica avançada, necessitando de diálise ou transplante renal. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para tentar evitar essa progressão.

Geralmente, sim. Mesmo que a glomerulonefrite entre em remissão, existe o risco de ela retornar (recidiva) ou de ter deixado algum dano residual que pode progredir lentamente ao longo dos anos. Por isso, é muito importante manter o acompanhamento regular com o nefrologista, monitorando a pressão arterial, a função renal (creatinina) e a urina (proteína e sangue) para detectar qualquer sinal de problema o mais cedo possível.

Exames em Nefrologia

A. Exames de Sangue:

A creatinina é um resíduo produzido naturalmente pelos nossos músculos. Rins saudáveis filtram a creatinina do sangue e a eliminam pela urina. Quando os rins não estão funcionando bem, a creatinina se acumula no sangue. Por isso, medir o nível de creatinina é a forma mais comum e importante de avaliar a função de filtração dos seus rins. Níveis elevados geralmente indicam que os rins não estão trabalhando como deveriam.

A Taxa de Filtração Glomerular (TFG ou eGFR, do inglês) é a melhor medida de quão bem seus rins estão filtrando o sangue. Ela representa o volume de sangue que os rins conseguem limpar por minuto. Como medir diretamente é complexo, usamos uma fórmula matemática que estima a TFG, baseada principalmente no seu nível de creatinina no sangue, idade, sexo e, às vezes, etnia. Uma TFG mais baixa indica pior função renal. É usada para classificar os estágios da Doença Renal Crônica.

A ureia também é um resíduo filtrado pelos rins, vindo do metabolismo das proteínas que comemos. Assim como a creatinina, níveis elevados de ureia no sangue podem indicar que os rins não estão filtrando bem. No entanto, a ureia é mais influenciada pela dieta (ingestão de proteínas) e hidratação do que a creatinina. Usamos os dois exames em conjunto para ter uma ideia melhor da função renal e do estado nutricional/hidratação do paciente.

Os rins são essenciais para manter o equilíbrio dos eletrólitos (minerais com carga elétrica) no corpo. O Sódio é importante para o controle da pressão arterial e equilíbrio de líquidos. O Potássio é vital para a função dos nervos e músculos, incluindo o coração. Quando os rins falham, podem ter dificuldade em eliminar o excesso de potássio (risco de arritmias cardíacas) ou em reter/eliminar sódio adequadamente (influenciando pressão e inchaço). Monitoramos esses níveis para prevenir complicações.

Os rins desempenham um papel crucial no metabolismo do Cálcio e do Fósforo, ajudando a manter os ossos saudáveis. Rins doentes podem não conseguir eliminar o excesso de Fósforo e podem ter dificuldade em ativar a Vitamina D (necessária para absorver Cálcio). O desequilíbrio entre Cálcio e Fósforo (geralmente Fósforo alto e Cálcio baixo ou normal na DRC) pode levar à Doença Mineral e Óssea associada à DRC, com enfraquecimento dos ossos e calcificação de vasos sanguíneos.

  • Os rins ajudam a manter o equilíbrio ácido-básico do nosso sangue, eliminando ácidos. Quando os rins funcionam mal, os ácidos podem se acumular, uma condição chamada acidose metabólica. O exame de Bicarbonato no sangue reflete essa capacidade de equilíbrio. Níveis baixos de bicarbonato indicam acidose, que pode piorar a doença óssea, a perda de massa muscular e a progressão da própria doença renal.

A albumina é a principal proteína no nosso sangue, importante para manter os líquidos dentro dos vasos e transportar substâncias. Em algumas doenças renais, os rins podem perder albumina na urina (proteinúria). Além disso, a inflamação crônica e a desnutrição, comuns na doença renal, também podem baixar os níveis de albumina no sangue. Níveis baixos são um indicador de gravidade e risco nutricional.

O PTH é um hormônio produzido pelas glândulas paratireoides (no pescoço) que ajuda a regular os níveis de Cálcio e Fósforo. Na doença renal crônica, devido ao desequilíbrio de Cálcio, Fósforo e Vitamina D, as paratireoides podem começar a produzir PTH em excesso (hiperparatireoidismo secundário). Isso contribui para a doença óssea, retirando cálcio dos ossos. Medir o PTH ajuda a diagnosticar e monitorar essa complicação.

Os rins são responsáveis por transformar a Vitamina D na sua forma ativa, essencial para a absorção de cálcio no intestino e saúde óssea. Na doença renal, essa ativação é prejudicada, levando à deficiência de Vitamina D ativa. Medir os níveis ajuda a guiar a suplementação, se necessária, como parte do tratamento da Doença Mineral e Óssea.

 Rins saudáveis produzem um hormônio chamado Eritropoetina (EPO), que estimula a medula óssea a produzir glóbulos vermelhos (que carregam oxigênio no sangue). Na doença renal crônica, a produção de EPO diminui, causando anemia. Medir a Hemoglobina e o Hematócrito é essencial para diagnosticar e monitorar essa anemia, que causa cansaço e fraqueza e precisa ser tratada.

Esses são exames de sangue especiais que ajudam a investigar se a causa da doença renal pode ser autoimune, ou seja, se o próprio sistema de defesa do corpo está atacando os rins. O FAN (Fator Antinuclear) pode estar positivo no Lúpus. O ANCA pode estar positivo em Vasculites. O Complemento (C3, C4) são proteínas do sistema imune que podem estar consumidas em certas glomerulonefrites. São importantes para diagnosticar doenças específicas que afetam os glomérulos.

B. Exames de Urina:

É um exame fundamental e muito informativo. Ele analisa características físicas (cor, aspecto), químicas (pH, densidade, presença de proteína, glicose, sangue oculto, etc.) e microscópicas (presença de células vermelhas, células brancas, bactérias, cristais, cilindros). Pode indicar infecção, inflamação (glomerulonefrite), perda de proteína, presença de sangue, risco de pedras e dar pistas sobre a capacidade de concentração dos rins.

Rins saudáveis funcionam como filtros muito seletivos, impedindo que proteínas grandes como a Albumina passem do sangue para a urina. A presença de quantidades anormais de proteína (proteinúria) ou especificamente de albumina (albuminúria) na urina é um sinal precoce e importante de lesão nos filtros renais (glomérulos). Quanto maior a perda de proteína, geralmente mais grave é a lesão e maior o risco de progressão da doença renal. Pode ser medida em amostra isolada (relação proteína/creatinina ou albumina/creatinina) ou em urina de 24 horas.

A presença de sangue na urina (hematúria), visível a olho nu (macroscópica) ou apenas no microscópio (microscópica), indica sangramento em alguma parte do trato urinário (rins, ureteres, bexiga, uretra). As causas são diversas: infecções, pedras nos rins, inflamação dos glomérulos (glomerulonefrites), tumores, exercícios extenuantes, entre outras. O nefrologista investigará a causa com base em outros exames e na forma das hemácias vistas no microscópio.

A urocultura é um exame específico para diagnosticar infecção urinária. Uma amostra de urina é colocada em um meio especial para verificar se há crescimento de bactérias. Se houver crescimento significativo, o exame também identifica qual a bactéria e realiza o antibiograma, que testa quais antibióticos são eficazes para matar aquela bactéria específica, guiando o tratamento correto.

Os cilindros são moldes microscópicos formados dentro dos túbulos renais (pequenos canais nos rins). Eles podem ser compostos por células, proteínas ou outras substâncias. O tipo de cilindro encontrado (hialino, granuloso, hemático, leucocitário) pode dar pistas importantes sobre o que está acontecendo dentro do rim. Por exemplo, cilindros hemáticos (com sangue) sugerem sangramento vindo dos glomérulos (glomerulonefrite).

C. Exames de Imagem e Procedimentos:

O ultrassom é um exame de imagem não invasivo, que usa ondas sonoras para criar imagens dos rins e da bexiga. É muito útil para avaliar o tamanho, forma e contorno dos rins (rins pequenos e encolhidos podem indicar doença crônica), detectar pedras (cálculos), cistos, tumores, sinais de obstrução (dilatação do sistema coletor, chamada hidronefrose) e avaliar a bexiga. O Doppler pode ser usado para avaliar o fluxo de sangue nos vasos renais.

A Tomografia Computadorizada (TC) é excelente para ver detalhes anatômicos, sendo o melhor exame para detectar a maioria das pedras nos rins, avaliar tumores renais (com contraste), e investigar causas de obstrução ou sangramento. A Ressonância Magnética (RM) pode ser usada em situações específicas, como avaliação de massas renais complexas, alergia ao contraste iodado da TC, ou avaliação dos vasos renais (angiorressonância). A escolha depende da suspeita clínica.

A cintilografia é um exame de medicina nuclear. Uma pequena quantidade de material radioativo (radiofármaco) é injetada na veia e sua captação e eliminação pelos rins são acompanhadas por um aparelho especial. Ela pode avaliar a função renal separadamente (quanto cada rim contribui para a filtração total), detectar cicatrizes renais (especialmente após infecções), avaliar o fluxo sanguíneo renal e investigar obstruções (DTPA) ou avaliar a presença de refluxo vesicoureteral em crianças (cintilografia miccional).

A biópsia renal é um procedimento no qual um pequeno fragmento de tecido do rim é retirado usando uma agulha especial, guiada geralmente por ultrassom. Esse fragmento é então analisado detalhadamente em microscópios (óptico, imunofluorescência, eletrônico). A biópsia é fundamental e muitas vezes indispensável para diagnosticar a causa exata de certas doenças renais, principalmente as glomerulonefrites e algumas causas de insuficiência renal aguda ou crônica inexplicadas. O diagnóstico preciso obtido pela biópsia permite direcionar o tratamento específico e estimar o prognóstico (evolução) da doença.

Hipertensão Arterial

Sim, hipertensão é o nome técnico para pressão alta. A pressão arterial é a força que o sangue exerce nas paredes das artérias enquanto o coração bombeia. Quando essa pressão fica constantemente acima do normal, chamamos de hipertensão. Uma pessoa é considerada hipertensa quando a pressão está igual ou acima de 14 por 9 (140/90 mmHg).

A hipertensão não tem cura, mas pode ser controlada. Isso significa que, com o tratamento adequado, é possível manter a pressão em níveis normais. Esse controle é feito com mudanças no estilo de vida, como melhorar a alimentação, reduzir o consumo de sal e álcool, praticar exercícios físicos, perder peso, e com o uso de medicamentos. Mesmo que os níveis de pressão fiquem normais, o tratamento deve continuar para evitar que a pressão suba novamente.

Alguns medicamentos usados para controlar a pressão alta no passado causavam disfunção erétil (impotência). No entanto, com os medicamentos atuais este efeito colateral é raro. Se acontecer, não significa que o problema seja permanente ou que todos os remédios terão esse efeito. O médico pode trocar o remédio para evitar esses efeitos. É importante conversar com o médico sem medo de falar sobre esses sintomas.

Não, a hipertensão é uma doença silenciosa que, na maioria das vezes, não apresenta sintomas. Esperar para ir ao médico apenas quando se sente mal pode ser arriscado, pois a pressão alta, sem controle, pode causar sérios problemas, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), insuficiência renal e até cegueira. O acompanhamento regular com o médico é fundamental para ajustar o tratamento e garantir que a pressão esteja sempre sob controle.

Sim, é muito comum que a pressão alta não cause sintomas, mesmo quando está em níveis perigosos. Por isso, muitas pessoas descobrem que têm hipertensão somente quando fazem exames de rotina ou após uma complicação séria, como um infarto ou um AVC. É importante medir a pressão regularmente, especialmente se você tiver fatores de risco, como histórico familiar de hipertensão, excesso de peso, sedentarismo ou diabetes.

Beber álcool em excesso pode interferir no controle da pressão e reduzir a eficácia dos medicamentos, além de poder causar efeitos colaterais graves. O ideal é evitar o consumo de álcool, ou pelo menos moderá-lo. Se for beber, nunca pare de tomar o remédio sem orientação médica, pois isso pode fazer a pressão subir perigosamente. Converse com seu médico sobre a quantidade de álcool que pode ser segura para você.

Sim, esses podem ser sinais de pressão alta, especialmente em situações de crise hipertensiva, quando a pressão sobe de forma abrupta e atinge valores muito elevados. No entanto, muitas vezes, a hipertensão não causa sintomas evidentes no dia a dia. Quando a pressão se mantém alta por muito tempo sem tratamento, as complicações mais sérias, como problemas no coração, nos rins e no cérebro, podem surgir.

Quando a pressão sobe de forma rápida para níveis muito altos, você pode sentir sintomas como dor de cabeça forte (geralmente na nuca), visão turva, tontura, palpitações (coração acelerado) e, em alguns casos, até falta de ar e dor no peito. Se você ou alguém próximo sentir esses sintomas, é importante buscar ajuda médica imediatamente, pois pode ser uma emergência hipertensiva.

Sim, crianças podem ter pressão alta, embora seja menos comum do que em adultos. A hipertensão em crianças geralmente está associada a fatores como obesidade, sedentarismo, dieta rica em sal, ou pode estar relacionada a condições médicas, como problemas renais. O acompanhamento pediátrico é essencial para diagnosticar e tratar a hipertensão desde cedo, evitando problemas futuros.

Embora a pressão alta seja mais comum em idosos, não é uma consequência “natural” do envelhecimento. Com o passar dos anos, os vasos sanguíneos podem ficar mais rígidos, o que pode aumentar a pressão, mas é fundamental que a hipertensão seja controlada mesmo em idosos. Isso reduz o risco de problemas graves, como infarto, AVC e insuficiência renal.

A hipertensão tem um componente genético importante. Se um ou ambos os pais têm hipertensão, a chance de os filhos desenvolverem a condição é significativamente maior, embora não seja uma certeza. Estudos mostram que, em média, filhos de pais hipertensos têm cerca de 30% a 50% mais probabilidade de desenvolver hipertensão ao longo da vida, comparado a pessoas sem histórico familiar. Essa probabilidade pode variar dependendo de outros fatores, como estilo de vida, peso, nível de atividade física e alimentação. Portanto, além do componente genético, hábitos saudáveis desempenham um papel fundamental na prevenção da hipertensão, mesmo em pessoas com predisposição genética.

Sim, mudanças de temperatura podem influenciar a pressão arterial. Por exemplo, em dias frios, os vasos sanguíneos se contraem, o que pode elevar a pressão. Já o calor excessivo pode dilatar os vasos e fazer a pressão cair. Pessoas que sofrem de hipertensão devem estar atentas a essas variações e tomar precauções, como evitar exposição prolongada ao calor ou ao frio intenso. Muitas vezes é preciso ajustar a medicação no inverno e no verão para evitar elevações de pressão no inverno e quedas de pressão no verão.

Não, os medicamentos para controlar a pressão alta não causam dependência. Eles são necessários para manter a pressão sob controle, pois a hipertensão é uma condição crônica. No entanto, é importante não interromper o uso sem orientação médica, pois isso pode fazer a pressão subir novamente.

Sim, a maioria dos hipertensos pode dirigir normalmente, desde que a pressão esteja bem controlada. No entanto, se você estiver com a pressão muito descontrolada ou tiver sintomas como tontura e visão turva, é importante evitar dirigir até que a pressão esteja estabilizada.

A cafeína pode elevar a pressão arterial temporariamente em algumas pessoas, especialmente naquelas que não estão acostumadas a tomar café. No entanto, esse efeito costuma ser leve e passageiro. Para quem tem hipertensão, o consumo de cafeína deve ser moderado e a quantidade recomendada de cafeína é de até 200 a 300 mg por dia. Em termos de café expresso, uma dose (30 ml) contém cerca de 63 mg de cafeína. Isso significa que seria seguro consumir até três ou quatro doses de café expresso por dia, dentro do limite de 200 a 300 mg de cafeína. No entanto, como a sensibilidade à cafeína varia de pessoa para pessoa, é importante monitorar como seu corpo reage. Se notar que sua pressão arterial aumenta após consumir café, considere reduzir a quantidade ou discutir com seu médico qual é o limite adequado para você. Além disso, lembre-se de que outras fontes de cafeína, como chás, refrigerantes e chocolates, também devem ser incluídas na contagem diária.

Sim, mesmo que a hipertensão tenha sido diagnosticada tardiamente, o tratamento é essencial para reduzir os riscos de complicações graves, como infarto e AVC. Quanto antes o tratamento for iniciado, mais eficaz ele será em proteger os órgãos e prevenir danos maiores.

Não, o tratamento é individualizado. Cada pessoa pode responder de forma diferente aos medicamentos, e alguns pacientes podem precisar de ajustes nas doses ou de combinações de remédios. Além disso, o estilo de vida, outras doenças e características individuais são levados em consideração pelo médico ao decidir o melhor tratamento.

Não, a maioria das pessoas tolera bem os medicamentos para pressão alta, e os efeitos colaterais, quando ocorrem, são geralmente leves. Caso você tenha algum efeito colateral, é importante conversar com o médico, que pode ajustar o tratamento para minimizar esses sintomas.

Alguns tranquilizantes e sedativos podem interagir com os medicamentos para pressão alta, potencializando seus efeitos ou causando quedas de pressão. Sempre informe seu médico sobre todos os medicamentos que está tomando, para evitar interações prejudiciais.

Em algumas pessoas, as crises de enxaqueca podem ser desencadeadas por alterações na pressão arterial. Alimentos ricos em sal, cafeína ou bebidas alcoólicas podem piorar tanto a enxaqueca quanto a pressão arterial. O controle rigoroso da pressão e uma dieta equilibrada podem ajudar a reduzir a frequência e a intensidade das crises.

Sim, a pressão muito alta pode danificar os vasos sanguíneos e levar a hemorragias, especialmente no cérebro, resultando em um AVC hemorrágico. Controlar a pressão é fundamental para evitar esse tipo de complicação.

Quando a pressão arterial está muito alta, como 18 por 12 (180/120 mmHg), há um risco maior de danos aos órgãos, como o coração, cérebro e rins. Isso pode resultar em complicações graves, como ataque cardíaco, AVC, insuficiência renal ou até morte. É importante seguir rigorosamente o tratamento prescrito para reduzir esses riscos.

Além dos medicamentos, um hipertenso idoso pode se beneficiar de uma alimentação balanceada, rica em frutas, vegetais e com baixo teor de sal. A prática regular de atividades físicas leves, como caminhadas, também é recomendada. Manter o peso saudável, evitar o estresse e parar de fumar são outras medidas importantes para melhorar a qualidade de vida.

A atividade física regular ajuda a dilatar os vasos sanguíneos, o que facilita a circulação do sangue e reduz a pressão arterial. Além disso, o exercício fortalece o coração, tornando-o mais eficiente no bombeamento de sangue. Atividades aeróbicas, como caminhada, natação e ciclismo, são especialmente benéficas para controlar a hipertensão.

Os exercícios ajudam a controlar a pressão, reduzir o estresse, melhorar a circulação e controlar o peso corporal, todos fatores importantes para manter a pressão arterial dentro dos limites saudáveis. Além disso, a prática regular de exercícios reduz o risco de outras doenças, como diabetes e colesterol alto, que podem agravar a hipertensão.

Sim, mas com cautela. A musculação pode ser praticada, desde que seja realizada com cargas leves a moderadas e sempre sob orientação de um profissional de saúde. Evitar exercícios que exijam muito esforço e causam picos de pressão, como levantamento de peso extremo, é importante para evitar complicações.

A hipertensão pode causar sérios danos a vários órgãos. Nos olhos, pode levar à retinopatia hipertensiva, que pode causar perda de visão. Nos rins, a hipertensão pode provocar insuficiência renal. O coração também é afetado, com aumento do risco de infarto e insuficiência cardíaca. E no cérebro, a hipertensão pode levar ao AVC, além de contribuir para demências vasculares.

Sim, a hipertensão descontrolada pode aumentar os riscos cirúrgicos, como complicações cardíacas, hemorragias e dificuldades na cicatrização. Por isso, é importante garantir que a pressão esteja controlada antes de qualquer procedimento cirúrgico, e o anestesista e cirurgião devem ser informados sobre o histórico de hipertensão.

Sim, a genética desempenha um papel importante no desenvolvimento da hipertensão. Se seus pais ou outros membros da família têm hipertensão, há uma maior probabilidade de você também desenvolvê-la. No entanto, fatores de estilo de vida, como alimentação saudável e exercícios, podem ajudar a prevenir ou retardar o surgimento da doença, mesmo em pessoas com predisposição genética.

Após o exercício, o corpo relaxa e os vasos sanguíneos ficam dilatados, o que pode causar uma queda temporária da pressão arterial. Isso é normal e geralmente não é motivo de preocupação, mas em alguns casos, se a queda for muito acentuada, pode causar tontura. Manter-se hidratado e fazer o resfriamento adequado após o exercício pode ajudar a evitar esse efeito.

O infarto do miocárdio, ou ataque cardíaco, ocorre quando o fluxo de sangue para uma parte do coração é interrompido, geralmente devido a um bloqueio em uma artéria coronária. Isso faz com que a parte afetada do músculo cardíaco sofra danos, e, sem tratamento rápido, pode levar à morte. A hipertensão é um dos principais fatores de risco para o infarto, por isso o controle da pressão arterial é crucial para evitar esse tipo de evento.

Exames para Hipertensão Arterial

Além da medição correta da pressão arterial, exames de sangue, urina, eletrocardiograma e, em alguns casos, exames de imagem ajudam a confirmar o diagnóstico e avaliar complicações.

Porque evita o efeito do “avental branco” (pressão alta apenas no consultório) e ajuda a acompanhar o controle da pressão na vida real, fora do ambiente médico.

A Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) é feita pelo paciente em casa com aparelho validado. São duas medições pela manhã e duas à noite por cinco dias.

O ECG pode identificar aumento do tamanho do coração (hipertrofia ventricular), arritmias ou alterações no ritmo elétrico do coração.

Sim. Ele mostra se o coração está com espessamento das paredes (hipertrofia), avalia a função de bombeamento e detecta alterações nas válvulas ou cavidades.

Glicemia, colesterol, função renal (creatinina, potássio), ácido úrico, urina e outros. Eles ajudam a avaliar riscos e orientar o tratamento.

Quando há dúvidas sobre o diagnóstico de hipertensão, suspeita de hipertensão do avental branco ou mascarada, ou para avaliar a eficácia do tratamento durante 24 horas.

Sim. Níveis alterados de potássio podem indicar problemas renais, efeitos colaterais de medicamentos ou doenças hormonais como o hiperaldosteronismo.

Não. São solicitados quando se suspeita de causas secundárias da hipertensão, como feocromocitoma, hiperaldosteronismo ou doença de Cushing.

Ultrassom de rins e artérias renais, ecocardiograma e tomografias. Servem para investigar complicações e causas específicas da hipertensão arterial.