Bem sabemos que os alimentos com excesso de gordura e energia, como açúcar, chocolate, manteiga e pão, entre muitos outros, engordam e podem entupir artérias, entre outras consequências. Mas, para não deixar dúvidas, um estudo no Reino Unido mostrou que eles não só causam doenças cardiovasculares como, muitas vezes, são os responsáveis por transformá-las em fatais.
“Então, não posso comer nada disso, Dr.?” É claro que não é assim – e, sinceramente, eu nem acredito que você deixaria totalmente de consumir itens como esses, já que essa disciplina é muito difícil para todos nós.
Mas é bom moderar, ter equilíbrio. Certamente, o consumo diário desses alimentos não contribuirá de forma positiva para sua saúde.
Doenças e mortalidade em mais de 4 anos de estudo
Esse estudo acompanhou 116 mil pessoas, mas teve um viés diferente: geralmente, esses tipos de estudos se concentram em nutrientes individuais. Porém, os nutrientes essenciais coexistem em muitos alimentos comuns, e as pesquisas focalizando apenas os nutrientes individuais podem esconder seus efeitos combinados nas doenças cardiovasculares e na mortalidade por todas as causas.
Assim, este estudo, que foi publicado este ano na BMC Medicine, e teve por objetivo identificar padrões dietéticos baseados em alimentos que operam através da ingestão excessiva de energia e explicam a alta variabilidade na densidade energética, açúcares livres, gordura saturada e ingestão de fibras, além de investigar sua associação com as doenças cardiovasculares fatais e mortalidade por todas as causas.
Dados dietéticos detalhados foram coletados por meio de uma avaliação dietética online de 24 horas em duas ou mais ocasiões.
Em uma média de 4,9 anos de acompanhamento, ocorreram 4.245 casos de doença cardiovascular total, 838 casos de doença fatal e 3.629 casos de mortalidade por todas as causas. Foram mantidos dois padrões dietéticos que, em conjunto, explicaram 63% da variação na densidade de energia, açúcares livres, gordura saturada e ingestão total de fibras.
O principal padrão alimentar foi caracterizado por alta ingestão de chocolate e confeitos, manteiga e pão, baixo teor de fibras e baixa ingestão de frutas e vegetais frescos – repare, portanto, que se tratou mesmo de uma dieta com pouquíssimo equilíbrio.
Esses resultados ajudam, assim, a identificar alimentos e bebidas específicos que são os principais contribuintes para padrões alimentares não saudáveis, e fornecem evidências para apoiar o aconselhamento alimentar baseado em alimentos para reduzir os riscos à saúde.
Por isso, nós, médicos, somos tão chatos ao insistir frequentemente que nossos pacientes busquem uma rotina saudável, com alimentação balanceada e exercícios físicos. Abusou da pizza? Compense no dia seguinte com uma alimentação com fibras, frutas e legumes. Não se trata de ser extremista, mas sim de buscar um envelhecimento saudável e com qualidade de vida!