As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte em todo o mundo – a Organização Mundial da Saúde (OMS) informa que mais de 17 milhões e meio de pessoas morreram de doenças cardiovasculares em 2017, o que corresponde a 31% dos falecimentos mundiais. Com estes números tão altos de pessoas que necessitam de auxílio para seguir o tratamento, tudo o que puder contribuir de modo fácil e barato para a adesão de milhões de pessoas é bem-vindo.
Pensando nisso, pesquisadores estudaram como aplicativos de celular, telemonitoramento e SMS permitem gerenciar as doenças cardiovasculares crônicas – inclusive a hipertensão -, bem como como conduzir e dar apoio à reabilitação cardíaca.
Na palma da sua mão
O celular – mais especificamente o smartphone – oferece possibilidades para cuidar remotamente de pacientes com problemas cardíacos. Antes, a telemedicina exigia o fornecimento de equipamentos especializados para monitorar o paciente em casa.
Agora, o celular e outros tipos de tecnologias “vestíveis”, como relógios, oferecem um potencial para monitorar a saúde por chamadas telefônicas, mensagens de texto, gravação de dados e monitoramento de atividades, que podem ser úteis para novos modelos de prestação de cuidados com a saúde.
Assim, um grande estudo, publicado em julho passado, na JMIR Publications, foi conduzido para verificar, entre outros objetivos, se as tecnologias de telefonia móvel podem reduzir os fatores de risco para eventos cardíacos, especificamente adesão à medicação e hipertensão.
Digo um “grande estudo” porque, na verdade, ele fez uma análise de trabalhos publicados em 12 países – da América do Sul, estava presente o Chile.
Menos internações e maior controle da pressão arterial
Essa metanálise demonstrou que, em pacientes com insuficiência cardíaca, a intervenção por aplicativos de celular reduziu a taxa de internações hospitalares, tanto em relação ao total de internações quanto em relação às internações por insuficiência cardíaca. Já em pacientes com hipertensão, aqueles que usaram os recursos do telefone tiveram uma pressão arterial sistólica significativamente mais baixa e se tornaram propensos a atingir a pressão ideal.
Dentre os tipos de tecnologia usados, estavam as mensagens recebidas por SMS, monitoramentos com avisos automáticos e aplicativos criados especificamente para a saúde.
Os pesquisadores concluíram que a tecnologia do celular pode melhorar a adesão à medicação em pacientes com doença cardíaca isquêmica, a pressão alta em indivíduos com hipertensão e as taxas de hospitalização em pacientes com insuficiência cardíaca. E que, devido ao risco e custo relativamente baixos dessas intervenções, elas devem ser consideradas como uma terapia auxiliar no tratamento dos pacientes.
Mobile Phone Technologies in the Management of Ischemic Heart Disease, Heart Failure, and Hypertension: Systematic Review and Meta-Analysis. JMIR Mhealth Uhealth 2020;8(7):e16695) doi: 10.2196/16695