Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, a hipertensão na infância e na adolescência pode sim acontecer, apesar de ser mais rara. É preciso ficar alerta, já que a pressão alta pode causar complicações como Acidente Vascular Cerebral (AVC), além de comprometer os órgãos caso não seja tratada.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é de que crianças maiores de três anos tenham a pressão arterial medida pelo menos uma vez por ano. Outras situações podem fazer com que a medida de pressão seja necessária antes mesmo dos três anos, tais como:
- Histórico neonatal (prematuros com menos 32 semanas, cateterismo umbilical ou outras complicações com internação em UTI);
- Histórico de doenças cardíacas;
- Histórico de doenças renais;
- Transplantes de órgãos sólidos ou medula óssea.
De acordo com a SBP, a pressão alta está atingindo cada vez pessoas mais jovens – entre as crianças e adolescentes, 3% a 5% são hipertensas. Mas o que causa a hipertensão na infância e adolescência? Não há um motivo único, mas a doença pode estar relacionada à má alimentação, sedentarismo, fatores genéticos e obesidade.
Sem sintomas, sem hipertensão na infância?
“Mas Dr., meus filhos não têm sintomas, logo não são hipertensos, certo?”É aí que está o engano! A hipertensão na infância, ou mesmo na fase adulta, é silenciosa e só manifesta sinais quando os órgãos do paciente já estão comprometidos – avanço que poderia ser evitado com o tratamento precoce.
Para determinarmos a hipertensão nas crianças de 1 a 13 anos, utilizamos tabelas baseadas pelo percentil de acordo com o sexo, peso e altura. Já quando falamos das crianças com mais de 13 anos, consideramos pressão alta quando a medida está acima de 130 por 80 mmHg.
Importante lembrar que a descoberta e o tratamento da hipertensão na infância ou adolescência auxilia a ter uma vida normal. Se a doença for descoberta somente na fase adulta, os riscos de vida e restrições podem ser muitos maiores – por isso, é necessário o acompanhamento da saúde neste aspecto.
A medida de pressão em crianças e adolescentes é igual à realizada no adultos, com as mesmas recomendações, como não praticar exercícios físicos 60 minutos antes e estar com a bexiga vazia. O paciente também deve estar com os dois pés apoiados no chão e com as costas encostadas em uma cadeira. E uma dica: é recomendado medir a circunferência do braço para a escolha do manguito – a seguir, confira uma tabela da SBP sobre a indicação correta para algumas faixas etárias:
O tamanho do manguito é importante, já que, se este estiver largo, pode influenciar na medida da pressão e comprometer o resultado. O ideal é que esteja no tamanho adequado ao braço da criança ou adolescente. Além disso, os aparelhos devem estar sempre bem calibrados e é possível conferir se o aparelho é válido no site: www.dableducational.org.
Hipertensão na infância e adolescência é coisa séria; faça medições de rotina na idade indicada e realize o tratamento, quando for o caso do pequeno, para evitar as complicações futuras!