Você é o que você come, e sua pressão também

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Começa com um inocente panetone, recebido no início de dezembro de algum conhecido. Daí pra frente, é “ladeira abaixo”: almoço de confraternização do trabalho, churrasco, feijoada, caipirinha, mais refrigerante do que o normal, happy hour com os amigos, uma cerveja ou talvez outro vinho, outro almoço de fim de ano com outros amigos, leitão a pururuca, um pudinzinho de sobremesa, e chegam as festas de fim de ano, peru, arroz com passas, arroz sem passas, maionese, chester (que é um frango modificado), vizinha deu um chocotone, sobrou pavê, que tal passar um cafezinho?

Cansou? Pois imagina seu organismo – afinal, você é o que você come.

Essa é a época em que grande parte das pessoas se permite exagerar – afinal, são encontros que nunca acontecem, sabores diferenciados, cardápios únicos, tempo de celebrar e se preparar para o reinício, tudo com cara de dezembro. E devemos nos permitir? É claro – comer faz parte da construção da nossa felicidade. Mas devemos nos permitir até quanto?

Depois eu resolvo

É preciso ter em mente que ganhar peso, para um adulto, é muito mais fácil do que perder – o “depois eu resolvo” vira um capítulo eterno. E ganhar peso é algo que seu organismo simplesmente não merece.

A obesidade faz com que o sistema nervoso autônomo que regula o calibre dos vasos fique hiperativo e, com isso, cause vasoconstrição – as artérias se fecham e a pressão sobe. Além disso, a obesidade promove retenção de sódio que também contribui para elevação da pressão.

Quando a pessoa não tem obesidade, a elevação da pressão estimula os rins a eliminar mais sódio e a pressão se normaliza, mas nos obesos ocorre o oposto: neles não é feita a eliminação de sódio como deveria, ou seja, o rim de quem está acima do peso vai reabsorver mais sódio. Vira um círculo vicioso.

Eu não diria que a obesidade causa a hipertensão, mas sim que ela desempenha um papel importante em seu desenvolvimento, especialmente nas pessoas que têm tendência hereditária de ter a pressão alta. Outros fatores que colaboram para esse desenvolvimento são o sedentarismo, o excesso de álcool e de sal. E nunca se esqueça: a hipertensão pode surgir sem anunciar, pois ela não causa sintomas. Os sintomas da pressão só ocorrem quando existe comprometimento dos vasos, principalmente, do coração, cérebro ou rins.

Sendo assim, em um descuido de fim de ano, pequenos exageros seguidos podem contribuir para uma piora na sua saúde. Vale a pena?

É para passar vontade? 

Não quero aqui fazer o papel do chato dizendo para comer alface enquanto  seus colegas repetem o peru com maionese. Como eu disse, comer nos deixa mais satisfeitos e felizes. Mas por que não se cuidar também nesse período?

Considere o que vai consumir: o que tem na mesa? Eu preciso comer “tudo de tudo”? E, se fizer questão, não é possível reduzir um pouco as quantidades em geral? Uma colher de arroz, ao invés de duas? Revezar o álcool com copos de água? O doce folhado está maravilhoso, mas será que cabe mesmo o segundo pedaço? Descubra a satisfação de comer conscientemente! Experimente!

É um cuidado que você pode ter consigo mesmo: se pensar com calma que você é o que você come, talvez se assuste um pouco com o estado de seu corpo e de sua saúde. E é só você mesmo quem decide o que come. Outro famoso ditado diz que a vida é feita de escolhas…Um brinde a sua saúde!