Dormir menos após os 50 anos pode favorecer a demência?

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O sono pode ter relação com nosso declínio cognitivo? Este é um tema muito amplo, e que ocupa cientistas há décadas. Mas um novo caminho se abriu com um estudo publicado pela revista Nature Communications, no mês passado. Ele relacionou poucas horas de sono após os 50 anos à maior chance de desenvolver demência.

Não há dúvidas de que o sono de qualidade é essencial para a nossa saúde – previne a obesidade, contribui para nossa memória, evita a depressão e melhora nosso desempenho físico.

Olhando mais especificamente para a minha área, o sono previne as doenças cardiovasculares, controla o diabetes e, sim, ajuda a combater a hipertensão! Isso porque, quando, dormimos os níveis da nossa pressão arterial abaixam e não desgastam os vasos e o coração. Por outro lado, se a pessoa tem dificuldade para dormir, o corpo se mantém em um estado como o de alerta constante, e isso ajuda a elevar a pressão sanguínea durante a noite. Com isto há maior desgaste dos vasos e do coração que podem acarretar redução da expectativa de vida.

Busque um sono de qualidade

A pesquisa acompanhou 8 mil pessoas no Reino Unido por cerca de 25 anos – iniciou-se quando elas tinham 50 anos. Em sua conclusão, identificou que aquelas que dormiam menos de 6 horas por noite tinham cerca de 30% mais probabilidade de serem diagnosticadas com demência, do que aquelas que dormiam por 7 horas.

Por outro lado, há uma questão a ponderar: as alterações cerebrais que causam a demência podem começar até 20 anos antes da doença em si, e pode haver uma mudança no padrão do sono nesse período. Assim, as pessoas passariam a dormir menos por serem predispostas a desenvolver demência. Nesse ponto, fica difícil saber quem causa quem – a falta de sono causa demência ou demência causa falta de sono?

Críticos apontaram que este estudo, especificamente, tem limitações: em grande parte dos 25 anos, os participantes relatavam como estava seu sono, o que pode dar margem a erros. Em determinado momento, cerca de 4 mil participantes passaram a ter o sono acompanhado e medido por um acelerômetro, que detectava seus movimentos durante a noite. Mas essa medição chegou quando eles já tinham 69 anos – para muitos pesquisadores, tarde demais para uma resposta definitiva.

Na dúvida, o que cada um de nós deve buscar é um sono de qualidade, profundo, que nos permita descansar e acordar revigorados. Tomar um chá calmante antes de dormir, ficar longe dos aparelhos eletrônicos, praticar atividades físicas e não se deitar depois de uma alimentação pesada e gordurosa são atitudes que privilegiam um bom sono.

Atualmente, existem aplicativos de relaxamento que podem ajudar – mas não fique com o celular na mão. Dormir bem torna melhor cada um de nossos dias e, consequentemente, aprimora a nossa qualidade de vida!